Cenas da Infância... Doce Lembrança
O mês era agosto, isso me lembro bem. Seu Antônio, um português, era o proprietário, dona Catarina, a esposa, paria a cada noves meses. Ou quase isto.
Na lateral direita da casa, uma horta de vermelhos e suculentos morangos. Minha mãe fora banhar o recém nascido da vizinha. Fui varrer o quintal.
Folhas caídas das arvores forravam o terreiro. Que lindo!
Entre uma cantiga e outra surge o canteiro de morangos. Que maravilha!
A vassoura desobediente cai das minhas mãos. Meus arteiros pés me levam para uma aventura.
Meu coração dispara, minhas mãos transpiram: o canteiro do português. Abro o portãozinho que protege a horta.
Paro.
Vou apenas experimentar. Um. Dois. Três. Seis. Doze...
Sento.
Melhor parar.
Penso.
Só mais um. Dois. Três. Seis. Doze. Será que tem mais
— Filha! Vamos? — convidou minha mãe.
Ainda tem uns amadurecendo. Como amanhã, pensei.
— Tchau Dona Catarina! Amanhã varro o resto do quintal — despedi dizendo —, o bebê é lindo!
Toc - Toc – Toc. Bateram no portão de casa.
Minha mãe abre a porta...
Seu Antônio!!!
— Foi você!!! — bradou apontando pra mim.
Me encolho.
— O que? — balbuciei.
— Minha horta! Cadê meus morangos? — cobrou.
— Que morango... — tremulei.
A defesa.
— Seu Antônio que morango? — socorreu minha mãe.
— Me desculpe Dona Nair, acho que não foi ela — indicou o homem.
Após breve diálogo, partiu. Ufa!!! Que alivio.
— Manhe — gritei —, to com dor de barriga.
— Você comeu os morangos?
Não mãe já passou.