Atrasado

O relógio na catedral denuncia seis horas, aperto o passo.

A neblina encharca pouco a pouco meu capote, mas não me importo, pois toda minha atenção momentaneamente foi dirigida a uma ilustre moça, loura de pele alva que a meu lado passava e deixava sua graça. Voltei à atenção a minha frente, quando já longe percebi o coletivo, que perdi em quanto admirava a moça.

No relógio já bate às seis e meia, a neblina é garoa, e o Capote já esta ensopado. Não me posso atrasar, nunca me atraso se não fosse a moça já estaria a caminho, erro meu.

Os passos, já a essa altura são largos e rápidos, mas não tão rápidos quanto os minutos que escoam, agora com a forte chuva. Mesmo essa forte torrente de água não a de me deter, nunca me atraso, não será hoje que me irei atrasar, ainda por um erro tão banal. A chuva, Agora Tempestade, Lava os arranha céus e os trovões rasgam as nuvens. Não a ninguém na rua, estranho já que hoje é segunda, quem sabe nem todos são empregados tão dedicados como eu,afinal de contas sou o funcionário do mês a quatro messes seguidos, quem se compara a mim, é isso sou com certeza o melhor no que faço.

De fronte com uma enorme escadaria, apressado o dedicado funcionário desce, com passos vacilantes porem rápidos, em um gesto sutil e mortal, simples e fundamental, o ilustre subordinado escorrega e rola os cinqüenta e três degraus, quebra o pescoço e cai estaguinado com os olhos gravados em um letreiro que diz:

"Dia: 12/04 Domingo..."

Allan Andreas
Enviado por Allan Andreas em 15/08/2008
Código do texto: T1130285
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