FORÇA ESTRANHA

FORÇA ESTRANHA

Era o famoso rei, cantando os romances, as paixões, desilusões e esperanças de algum amor antigo ou daqueles que não progrediram... Seus fãs assobiam, acenam, gritam em elogios e assédios pelo ídolo de tantas décadas e gerações.

Ciência e tecnologia caminham lado a lado com aquele idoso com cara de jovem adulto e os corações das senhoras, moçoilas de antigamente continuam palpitando forte ao som da melodiosa voz.

Num contraponto clássico – ou diríamos popular? – transeuntes apreciavam simultaneamente as músicas das vozes sertanejas daqueles dois filhos do “seu” Chico, que outro dia mesmo curtiam um churrasquinho com o presidente das glebas dessa terra grande e boba...

Que contra-senso! Pouco dinheiro no bolso, rua interditada pra farra carnavalesca, fantasias a venda ou a alugar... E todos contando seus trocados pra viajar, cervejar e beijar muito na boca (Dizem que hoje em dia quanto mais bocas beijadas melhor! Vai entender esse mundo louco desvairado...).

E então as repartições públicas, admiravelmente, neste cantinho de interior, funcionando ainda em ritmo normal – sem samba nem trios. Apenas gente comum cumprindo seus deveres. Nenhum desafeto, nenhuma briga. Portas abertas.

Sob um céu de mormaço que mais se assemelha ao cinza chuvoso muita gente caminha, poucos carros trafegam, algumas motocicletas passeiam e calmamente bicicletas vão e vêm. E quem vê a bucólica e sufocante atmosfera do lugar até imagina como seria uma vida em lugar tal qual.

A contar pelo ar abafado, não dá pra aceitar a possibilidade fantasiosa. Apenas alegrar-se no sorriso do menino correndo vivendo o momento, e aquela mulher preparando uma outra pessoa fazendo seus olhos pararem no tempo pra observar tal milagre enquanto uma força estranha e muito conhecida envolvendo o ser levando as palavras ao final para que o coração descanse nos braços dessa força sem medidas.