mudanças

O mundo parecia tão frio e úmido, que ao deparar com as caras na rua, não conseguia olhá-las nos olhos. Talvez fosse um medo inconsciente de que lessem a alma e vissem tudo que pensava sobre elas. Tudo era tão vazio e frívolo que os sentimentos se congelaram por algum tempo, como se estivesse parada no meio das coisas, como se tudo estivesse imóvel e quieto, e o monstro de olhos verdes espreitasse, no escuro, o momento oportuno para dar o bote e quebrar o gelo como se quebra uma estátua de gesso.

A maldade é sempre possível, sempre presente. Já a bondade, a sinceridade, ficam sempre escondidas, no âmago de tudo, na profundeza do espírito, como se fosse proibido ser amável e todos olhassem com o canto dos olhos, esperando a hora de ferrar com tudo. A maldade, a crueldade, a esperteza estão sempre lá, querendo levar vantagem de todos.

Mas enfim, eis que surge o astro-rei e é possível afirmar novamente "Carpe Diem!", com a vontade de viver, com a vontade de gritar, de ser feliz. Eis que reaparece o brilho, a beleza das coisas, a simplicidade, o ânimo, o fervor, toda a paixão da carne nua.

Assim, o tédio e a melancolia se desfazem como fumaça e a ingratidão devora a si mesma.

Eis que vem à tona a leveza, a música da vida. Os pássaros voltam a tocar sua sinfonia melódica a cada alvorecer e as trevas dos dias não passam de simples brumas, resquícios de outrora.

Eis que a vida faz sentido e todas as coisas dançam, alegremente, alegorando toda a profundidade da certeza de querer alvorecer eternamente.

Bárbara Guerra
Enviado por Bárbara Guerra em 10/09/2008
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