"Se se morre de amor..."

“Se se morre de amor...”

Este conto faz parte de nossas vidas. Ele sempre esteve nos nossos pensamentos. Querendo sair... Só não saía por falta de oportunidades. Ele estava arraigado na nossa alma há mais de trinta anos. Hoje ele pede passagem quer nascer, quer ver se o mundo está pior ou melhor.

No ano de 1972, residia em Joaquim Távora, norte paranaense uma família muito unida descendentes de italianos. Uma grande família que para aqui vieram plantar café. Enfim seguir a síndrome de todos os italianos que vieram para o Brasil. E chegaram a fazer fortuna com aquele fruto brasileiro.

No seio dessa família nasceu Giusepe, nome que lhe daremos agora. Ele cresceu no meio das lavouras de café. Tinha vários irmãos. Viviam muito bem. Mudaram para a cidade. Viraram cerealistas. Um dos irmãos de Giusepe estudou mais um pouco e virou professor. Saiu-se muito bem como professor. Mas morreu ainda jovem.

Giusepe, conheceu uma linda jovem e com ela se casou. Viveram um bom tempo felizes. Giusepe era motorista e resolveu comprar um caminhão para aumentar seus rendimentos. E viajava pelo Brasil afora. Susana, sua mulher, com toda sua beleza não soube resistir ao assédio dos homens que a rodeavam.

E se aproveitando das viagens de Giusepe começou a traí-lo. Ele chegava de viagem, corria para casa:

- Veja, Suzana, o vestido que trouxe para você, comprei lá no Braz em São Paulo!

- Muito obrigada, Giu! Não precisava se incomodar! Você podia guardar esse dinheiro! Logo serei mãe!

- Um filho, que maravilha, Su!

Giusepe e Suzana, tiveram três filhos!

Como tudo tem um fim, o término desse amor foi trágico para o pobre Giusepe. Chegou de uma longa viagem, onde tinha ficado 15 dias fora.

- Suzana! - Gritou quando chegou no portão. Ninguém respondeu. Veio uma vizinha, correndo, contar.

- Sabe, Giusepe, ela pegou as crianças e partiu com um caminhoneiro. Eu nem sei quem é!

Giusepe ficou muito triste. Uma depressão o abateu. Ele se fechou na casa. Não queria ouvir mais ninguém falar da Suzana. Giusepe se fechou por completo. Nem com os parentes conversou mais. Ela nunca mais apareceu. Dava dó de ver aquele homem com a cabeça baixa. Poucas vezes saía de casa. Seu rosto nunca mais mostrou um sorriso. A melancolia parece que pingava dele quando andava. Nunca se viu tanta tristeza em um só homem ou em um homem só...

Depois de um mês Giusepe foi encontrado morto. Conta-se que o médico, muito amigo da família, pensou muito ao preencher o atestado de óbito. E colocou como “causa mortis” : AMOR

Quando o Rei Salomão escreveu o livro de Cantares, ele se inspirou na magnitude do amor entre o homem e a mulher. E não foi por acaso que este incluso aos textos sagrados, tornou-se parte da Bíblia. Afinal, a maior expressão do amor humano é o que chega mais perto do amor Divino e é exatamente isso o que Ele quis deixar registrado através de palavras tão cheias de "ahava" (amor, no hebraico).!

Theo Padilha, 19 de setembro de 2008.

Theo Padilha
Enviado por Theo Padilha em 19/09/2008
Reeditado em 29/10/2008
Código do texto: T1185873
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