Eu Quero? uma casa no campo

Tudo que até hoje foi feito, conquistado, o foi com muito suor e dedicação dela. Ela sempre foi a autora de tudo que a pertence. Nada a vem de graça ou facilmente. Ela construiu sua casinha, com um pátio pequeninho, que tinha um jardim muito florido. Para mante-lo bonito e seguro dos predadores fez um cercadinho. Seu objetivo de vida era ser feliz, cuidando desse mundinho que tornou-se o SEU MUNDINHO.

Ela tinha tudo que precisava para mante-lo organizado e florido. Durante a Primavera ela se energizava e fortificava para manter-se forte durante os invernos sombrios, frios...solitários....Até que um desses invernos, o mais rigoroso de todos, abalou seu mundinho, deixou-a frágil. Ela já não conseguia mais cuidar sozinha desse seu cantinho. Teve então que contratar alguém para ajuda-la a manter seu mundinho em ordem. Esse alguém era um jardineiro, que só podia tomar conta de seu mundinho, se ele pudesse plantar para sempre uma flor que estava com ele, e que jamais ele poderia separar-se. Ela os aceitou e apegou-se profundamente à flor. Ela a amava...assim como também amava o jardineiro. Eles começaram a fazer parte de seu mundinho e deram-na força novamente. Ela já não era a mesma, ela era muito mais forte do que antes. Tão forte que passou a cuidar não só de seu mundinho, como também do jardineiro e de sua flor, que tornaram-se totalmente dependentes dela. Eles nunca poderiam abandonar aquele mundinho.

Muitos dias se passaram. Dias de nascer e por do sol, dias chuvosos, dias nublados...tempestades.... Ela cuidou da flor para que nada a atingisse...mas não cuidou de si...Ela cuidava deles, mas quem a cuidava?

O cercado começou a ficar pequeno para o mundinho dela, e ela foi ampliando-o, ampliando-o, até que em um dia nublado, ela caminhava sem rumo quando percebeu que o jardineiro e sua flor estavam muito distantes dela... fixados ainda no mesmo lugar...e ela percebeu que esse mundinho não era mais dela, e sim do jardineiro, ele jamais iria abandona-lo. Estava parada olhando para seus dois amores- ela ainda os amava-quando um pássaro passou em sua frente, mostrando-lhe outra direção.. seguiu o pássaro e notou que havia feito um movimento até então inédito... havia levantado a cabeça. O pássaro, que não tinha cor, apenas um canto de liberdade, pousou numa parte de seu cercado que ela nunca havia notado...chegou perto e notou aquela parte estranha...que ela não lembrava de ter feito...era um portão. Quando aproximou-se o pássaro voou e o portão se abriu. Ao olhar o horizonte, viu um caminho, um lugar para seguir. Mas para segui-lo teria queria que abandonar para sempre o seu mundinho, era uma questão de escolha. Permanecer fixada, assim como a SUA flor e o jardineiro, no seu mundinho? Ou enfrentar esse caminho? Caminho esse que não tinha pássaros e flores coloridas ao seu redor. E sim, uma floresta fechada, obscura, misteriosa. Quem a segue não sabe onde vai chegar, até conseguir definir a sua própria trilha. Olhou para o mundo que não era mais seu...uma lágrima de sangue correu por seu rosto. Lágrima originada do fundo de seu coração, que nunca mais seria o mesmo. Respirou fundo, aspirou coragem e esperança e lacrou eternamente o portão! Ela tinha uma mata a sua frente!!

Renata Avila Troca
Enviado por Renata Avila Troca em 12/03/2006
Reeditado em 25/03/2006
Código do texto: T122298