Teste do peito ( ou Escândalo no parque)

Era um casal bonito. E combinavam direitinho, tudo bem combinado. Com o nascimento da filha (única) não houve problemas, porque, precavidos eles trabalhavam em horários diferentes. Ela trabalhava pela manhã e antes de sair para a labuta deixava tudo preparado para o paizão prover a filhota. E ele era dedicado. Aliás, verdade seja dita, é dedicado até hoje, passados vinte anos ou quase. Ele colocava aquele embrulhinho vivo no carrinho, juntava as comidinhas e bebidinhas previamente preparadas e saia, orgulhoso com a sua cria desfilando pelo parque do Palácio do Catete. É. Os felizardos moravam na Silveira Martins. Privilégio total. Essa rotina se repetia diariamente e a vida seguia em paz. Até que um dia - todo conto tem um “até que um dia” - durante o passeio a filhota deu de chorar. E chorava a criaturinha, como chorava. E aquele pai zeloso fazendo de tudo ao seu alcance para que a rebenta não rebentasse de tanto chorar. Dava a mamadeira com leite; nada, água com açúcar; nem tchum, suquinho de maracujá - aí já era apelação, doping - em vão. Já sem saber o que fazer o pai amoroso olhava para todos os lados com olhares súplices num mudo grito de socorro. Até hoje não se sabe se foi coincidência ou se foi o choro desembestado da criança, mas o fato é que num raio de cinqüenta metros era puro deserto. Mas Deus é justo com quem merece e, eis que aqueles olhos quase lacrimejantes de pai em agonia vê se aproximar uma mãe com sua filhinha no colo. - O que houve, posso ajudar? - Não sei o que aconteceu. De repente minha filhinha desandou a chorar e nada faz com que pare. - Deve estar com fome, não? - Já ofereci à ela tudo o que a mãe preparou mas ela recusou. - Me dê ela aqui um instantinho. ... Falou e estendeu os braços para receber a criaturinha arruaceira. Em seguida sob o olhar estupefato do pai, sacou o peito de dentro da blusa e ofereceu à menina. Milagre dos milagres, o pranto convulsivo e alucinado parara como que por encanto. Era fome de peito, disse o pai da menina. E que peito, pensou, claro. Saciada a fome e já devidamente guardado o peito amigo, despediram-se aqueles, com certeza, novos amigos. E lá se foi o pai, sorridente. Chegando em casa a esposa já o esperava para assumir a guarda da filhota. O marido contou a história para a esposa que reagiu como ele não esperava. - Você é maluco, homem? Como se atreve a deixar que minha filha abocanhe um peito desconhecido? Tem juízo não? Endoidou? Emaluqueceu e pirou? Aquela avalanche de desconsiderações provocou uma reação imediata . - Como maluco?, retrucou ele. Acha que eu deixaria minha filha exposta assim a uma desconhecida? claro que não, meu amor - e aquele “ meu amor “ saiu recheado de ironia - É óbvio que eu experimentei antes.

Na esperança de que meus amigos me devolvam o baralho de estimação. Ou publico outra...rsssssss