Sensível demais?
Passando pela rua Cícero Dantas, avistei um senhor puxando um carrinho carregado de papelão. A cada cinquenta metros ele parava e descansava o peso que devia estar trazendo de muito longe e que provavelmente, ainda iria carregar por alguns quilômetros.
Pensei:
- Quantos filhos ele deve ter? Como será a sua casa? Será que os filhos estudam? O que devem comer todos os dias? Ele já esta com aspecto sofrido, será que terá como sobreviver sem aposentadoria?
E por um tempo observei-o, imaginando como seria a vida daquele pobre homem.
Sem pensar duas vezes, alcanceio-o e num gesto humilde tirei do bolso dois reais, afim de que pudesse alegrá-lo pelo sacrifício do dia.
Escutei:
- Obrigado! Deus te abençoe!
E um belo sorriso tomou conta daquele rosto que há pouco demonstrava sofrimento.
Minh'alma alegrou-se e neste momento senti uma imensa paz.
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No outro dia... Sentada na mesa de bar, trocando umas palavras com um amigo, outro velho homem apareceu. Já estávamos pagando a conta para irmos embora.
Tinha aspecto meio louco, bêbado talvez. Queria vender-nos um velho cinto de cor marron e furinhos prata.
Logo respondi:
- Certamente, ele não combinará comigo! Fique com ele. Venda-o para outro alguém. Mas tome aqui o que tenho para te ajudar...
(Era o troco da conta que pagamos... oitenta centavos).
Num gesto de agradecimento ele disse:
- Toma aqui. Eu fiz. Ela é sua.
(Era uma pulseira de couro, desgastada do tempo e seu suor).
Respondi:
- Não é necessário! Fique com ela. Nós temos que ir. Estamos atrasados.
Ele insistiu:
- Não. Ela é sua! Já estou conseguindo...
(Há algum tempo estávamos esperando ele tentar tirá-la).
Estiquei o braço, ele amarrou a pulseira.
Agradeci:
- Obrigada! Um bom trabalho pro senhor.
Ele se despediu com um sorriso.
Voltei a pensar e refletir sobre tais coisas... Os pequenos gestos traduzem grandes sentimentos de conhecidos ou não. Senti-me mais feliz!
Ia jogar a pulseira fora, mas pensando bem, achei melhor guardá-la. Ela me traduz uma lição!