O Grito

Estava ali, pronta a estourar. Ao olhar para sua face, logo era notada a expressão séria, sisuda, infeliz ,agitada. Em frente ao computador, lia suas mensagens, conferia uma á uma, cada vez mais enfurecida.

Eu estava ao seu lado, observava suas reações, confesso que receosa do que poderia acontecer. De repente, ela, que sempre fora tão centrada, tão calma, muitas vezes, diria, até indiferente diante de certos acontecimentos que poderiam tirar qualquer pessoa do sério, mas ela... não. Ela era a própria definição de segurança e placidez. Bom, isso até aquele momento, pois ali, ao meu lado, a inquietação era crescente. Como eu gostaria de ler aquela mensagem, que tanto estava mexendo com ela. Como gostaria de saber quem estava perturbando aquela fortaleza, mas a boa educação, as conveniências, não me permitiam dar asas à minha vontade.

Foi então que, em um gesto impensado, improvável, ela lançou um grito pavoroso, em altíssimo volume e, com uma agilidade impressionante, excluiu as mensagens e desligou o computador, dando por encerrada aquela tortura... Para ela, pois que a minha continua, sem saber qual a razão do desajuste da minha filha.