Relato (R12)

Não sei o que se passava em sua mente. O que arquitetava. O demônio que às vezes assola a cabeça e a transforma numa mente doentia e destrutiva, era o que talvez viesse causando-lhe entorpecimento e angústia.

Angústia, palavra maldita, que vai fundo no peito, machuca o coração, transforma a alma do ser humano, e era isso que realmente estava em sua mente.

Todos os problemas se acumularam de uma maneira abrasiva, que corroía tudo o que havia de bom em seu espírito.

Coisa do diabo, não sei, talvez o diabo não exista,o inferno. este existe, o inferno interior, a vontade de separar a matéria do espírito.

Mas sua convicção já era concreta, felicidade esta nunca alcançou, perdera as perspectivas da vida, tiraram-lhe aquilo que mais julgava sagrado, o conforto do lar, sobretudo a felicidade. Tinha que ser, sua vida já não lhe valia de nada, pudera, seus objetivos, seus

anseios, não se concretizaram, do que valia viver agora.

Para quem conhece os desejos e as frustrações românticas, ligados ao Romanismo, veremos que tudo se encaixa, que a história se repete. Confinamo-nos num mundo imaginário, num mundo de sonho, numa idealização única. Idealização, deve-se tomar cuidado com esta palavra, idealizar é como planejar, é como imaginar e muitas vezes o tiro sai pela culatra.

O romântico idealizava a sua bela amada, como ele idealizou sua vida, e quando percebemos a realidade já é tarde, acostuma-se com o sonho e a realidade quando aparece é dura e amarga, nada se pode fazer, daí o suicídio, o crime contra sua própria carne.

O suicídio é o ato insano provocado por um momento de fraqueza diante da falta de perspectiva e desalento. É o momento de solidão interna, onde não se acha apoio, e a vida não significa nada.

Alexandre Brussolo (05/05/1995)