Cotidiano

O que faço, esqueço...

O que vejo, lembro...

O que vivencio, aprendo!

(Confúcio)

A senhora era alta, de pele clara e fala correta. Inicia uma conversa não se sabe exatamente com quem.

Conta em detalhes fatos da vida de uma pessoa de sua família, que vive na sombra dos outros.

Diz que a figura não tem amigos. Trabalha num escritório de advocacia, não namora e pelo jeito não se relaciona sexualmente há muito tempo.

A senhora de pele clara não se importa com o tom alto de sua voz. Dispara a falar dessa figura com amargura.

Diz que ela não tem coragem de tomar decisões para mudar a própria vida. Com ares de indignação, por várias vezes aumenta o tom de sua voz demonstrando fúria por conta da pessoa ser passiva e sem iniciativa.

Incomodada com esse ser ela relata sua vida pessoal, ali, no coletivo, sem nenhuma restrição. Onde todos, mesmo sem querer, ouvem seu desabafo.

Nítido que a mulher estava totalmente envolvida por um forte sentimento de revolta, misturada a raiva.

Que impressionante ser humano!

De repente ela pára.

Imaginamos que o assunto tinha acabado.

Mas eis que ela surge sentando a língua na vida alheia, mas agora é em outra pessoa.

É meu amigo ser ouvinte de coletivo urbano não é moleza não!

Imagino quantos enredos de novelas são produzidos do cotidiano!

No meio disso tudo entra um rapaz com o rádio do celular no volume máximo ouvindo quem?

Zeca Pagodinho, com o tradicional “Deixa a vida me levar. Vida leva eu...”

E dali bom humor!

Fala sériooo!

Cássia Nascimento
Enviado por Cássia Nascimento em 25/03/2009
Reeditado em 25/03/2009
Código do texto: T1505294