Razão de Viver

Quando eu estava para nascer, meus pais passavam por grande aperto. Minha irmã estava com um ano. Enxoval, não havia quase nada, poucas fraldas, quatro lençóis e poucas camisetas...Que me importavam essas faltas materiais?

Eu queria mesmo era ver a luz da vida.

E o curso da existência deu um empurrão solidário, naquele dia.

Primeiro de outubro. Um vizinho, que não conhecia meus pais, apenas cumprimentava-os, chegou timidamente e colocou uma boa quantia em dinheiro no bolso da camisa dele e disse: aceite, é para ajudar no táxi...

Nasci com uma vontade de viver daquelas!

Mamãe falou, que meus olhos comuns, castanhos, eram grandes e brilhantes e que eu sorria muito. Era dorminhoca...

Depois, fui ficando diferente. Sempre magrinha, gripava muito e chorona.

Emotiva, sentia uma tristeza estranha, uma saudade, uma falta imensa de alguém... Não sabia quem.

Mas cresci, entre dificuldades, mudanças e mares.

Muita água passou no rio...

Fiquei uma mocinha. Tímida, adorava ler, meu pai comprou alguns livros de machado de Assis e todas as tardes, sentava no pequeno terraço e lia...

Via ele, meu primeiro amor passar!

Parecia que eu crescia de tanta era a emoção.

Não existia mais tristeza naquele rostinho magro!

Era o encantamento do amor...

Descobri então, porque tanto fiz para viver... Cheguei assim, tempestuosa, sem ter sido planejada. Precisava encontrar o coração que me faltava.

Era ele.

Hoje, meu encantamento já não brilha mais em mim.

Sei, porém, que vivi toda a minha vida à sua espera.

Apenas para olhar de novo, a minha doce razão de viver.

É por isso que vivo e viverei: apenas para amar

Verônica Aroucha

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 06/05/2005
Código do texto: T15147
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