Quinze minutos

Quinze anos, meiga, olhos claros cintilantes, cadeiras de mulher brasileira, cabelos castanhos, pele bronzeada, lábio carnudos, vestibulanda. Assim era Isabella, a Bebel.

Sempre estudiosa e dedicada, carinhosa com toda a família, especialmente os irmãos mais novos.

Como as colegas de sua idade não saiam muito, também o fazia. Vez ou outra planejavam um passeio. Num destes passeios conheceu Felipe. Passaram a se ver amiúde. Os encontros ocultos ocorriam no pátio da escola, na pracinha. A mãe já estava desconfiada, mas como a filha não manifestava nada, preferiu o silêncio.

Os recônditos encontros continuariam não fosse a triste surpresa: a mãe estar passando naquela praça em horário errado. A mãe, no entanto, como sabia desses encontros não exasperou. Falou a Felipe que fosse à sua casa e lá conversariam; que Bebel estava na hora de conhecer um bom rapaz e que ele parecia sê-lo.

Felipe passou a namorar Bebel em casa com o consentimento, a admiração e o respeito dos pais. Saiam e em horário definido estavam de volta. Em finais de semanas, os pais permitiam que Bebel dormisse na casa de Felipe: quarto separado e sob os olhares da família. Tudo transcorria muito bem.

A família de Felipe compunha-se de pai e mãe, duas filhas de 8 e 12 anos, respectivamente. Mas em razão de problemas com a pressão arterial, o avô materno de Felipe há três meses estava morando com eles. Era um senhor de 65 anos, muito amável, contador de causos, principalmente por ser interiorano. Sempre que Bebel aparecia, postava-se ao seu lado e contava-lhe inúmeros causos, o que foi conquistando a sua confiança. Avô de Felipe devia considerá-lo como seu. Afinal ele era muito agradável. E os meses foram se passando.

Num feriado prolongado, os pais de Bebel resolveram viajar. Foram para Salvador. Bebel, apaixonada preferiu ficar na casa de Felipe. Assistiram a filmes, navegaram na internet, bateram papo. “Foi uma noite maravilhosa, argüiu Bebel em pensamento.”

Já passava de 1:00 h. Preparam-se para dormir. Por volta de 2:00 Bebel não tinha pegado completamente no sono. Subitamente, começou a ouvir passos em seu quarto, cada vez se aproximando mais de sua cama. Quieta sentiu uma enorme mão tocando sua coxa. Não teve forças para gritar.

De repente, as enormes mãos arrancavam-lhe a calcinha num gesto brusco e rápido, reclinando aquele corpo asqueroso, penetrando-a com rapidez e desleixo, em completo silêncio. Sentiu enorme dor, mas o malfeitor tapava sua boca com aquela mão malcheirosa.

O desespero de Bebel continuava até que aquele imundo retirou seu corpo de cima do seu... e saiu às pressas, deixando-a entre o pranto silencioso e a dor. E acusar a quem: o pai, o avô ou ao próprio Felipe?