Um Velho e um destino

O sol descia no horizonte...

nos rios,os peixes procuravam suas locas.

O sol desaparecia por completo;

à noite embeleza-se com as estrelas

e a lua na sua fase cheia.

Vagalumes iluminavam o jardim

com suas rosas e orquídeas variadas.

Era setembro...e naquela natureza encantadora

estava um homem já idoso trajando roupas

de tecido desbotado com alguns remendos à vista.

Aproximei-me lentamente ,ele notando minha presença,

levantou a cabeça,tragou seu cigarro e perguntou-me

o que desejava,ainda com a fumaça a sair de sua boca.

Falei-lhe que estava observando a natureza.

Ele arrancou uma flor com leveza e falou-me:

Eu também estou contemplando o que ainda

nos resta de natural,meu jovem. E continuou...

Passando-se alguns minutos,levantou-se e convidou-me

a acompanhá-lo.Segui-o.Andamos um pouco mais e

demos de cara com uma casa pequena,porém arrumada

e humilde;serviu-me um café pingado e falamos sobre

pobreza,e de coisas que poderiam ocorrer no futuro.

Ele fixou seus olhos fundos em mim,enquanto os meus

fugiam...tinha um rosto abalado,dedos magros com as unhas

da esbelta mão direita amareladas pela nicotina dos vinte

cigarros que fumava diariamente.Fiquei impácto observando-o,

enquanto dos seus olhos algumas lágrimas escorriam nas

laterais do nariz.Perguntei-lhe porque chorava;respondeu-me:

meu filho,são saudades da minha infância,minha adolescência...

onde respirava oxigênio puro,comia alimentos frescos e a

natureza era bela.Então eu falei: mas aqui é tudo tão natural.

Ele respondeu-me: tens razão,mas estou falando de onde eu vim,

da cidade mecânica,onde antes era uma reserva natural riquíssima

em fauna , flora e fontes de àgua não poluida.

Fernando Araújo
Enviado por Fernando Araújo em 20/04/2009
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