Barco a vapor

Não que eu saiba exatamente o que estou fazendo, mas digitar faz um bem danado ao coração, e os médicos dizem que ele (o maldito coração!!!) é parte importante do todo que me compõe.

Se bem que, ultimamente, não tenho sentido muito minha falta, explica-se: na maioria as vezes estou ausente da minha própria vida, logicamente, assisto a tudo de camarote, só que, nas poucas vezes em que sou convidado a participar, sou, efetivamente, um mero coadjuvante na existência.

Perene é toque de teclado, imortalizado pelos blogs da teia, nenhum toque, nenhum pressionar, é tão importante quanto o primeiro: é ele quem diz para onde vai o conto/ crônica, é ele o inciviso e dominador guia das sendas contais (i.e : relativo à conto …). É a maldita primeira palavra que levará o leitor à nevegaão do capitão, e, nesta cândida correnteza, espera-se uma viagem sem volta ao mundo imaginativo de criadores sem muita noção de gramática, e uma pitada insalubre de maluquice. Nada contra, é claro, eu mesmo, muitas vezes, mergulho neste simpático lago de artimanhas literárias e me deixo levar por este outro lado, bizarro, criador, morto, fedido e impossível de se entender. Navego em mim mesmo como se fosse um barco à vapor naqueles típicos rios americanos; descubro que, no fim do rio, só há duas possibilidades, frustrantes ou engraçadas.

A primeira delas é voltar: subir o rio na contra-margem, e, provavelmente, bater no iceberg, encalhar, ou atracar no porto da sanidade. Esta opção nunca me agradou e sempre me pareceu simplista demais. Esta, é claro, é a preferida entre 9 a cada 10 sóbrios ou equilibrados.

Meu caso, infelizmente, está na segunda opção: seguir adiante. Enfiar o filho da puta do barquinho naquela porcaria de rio desajustado que não aceita muito bem nvegantes, e cujas ondas batem na orla e voltam com força total. Nenhum dos meus barquinhos afundou até agora.

E isso me assusta, ah como me assusta! Imagine seu barquinho nos rios da loucura debatendo-se contra vagalhões imensos e pedras rotundas até que não sobre muita coisa. Cujo, cuja, de repente… não.. nada disso… O maldito barco só rebenta derrepentemente num segundo entre milésimos, dividido em centésimos, e, quando o capitão vê, é tarde demais. O caitão afunda com eu navio, e não há nada que se possa fazer.

Motim! Grita a alma perturbada de um escritor frustrado. Mas não se engane, ele é tão capaz de amotinar quando uma codorna de vestir armadura de cavaleiro, o escritor é fiel ao barco, e não se deixa levar.

Exceto, é claro, quando sobreviver o leva à melhores histórias: e estas, insistem em ser contadas.