Saco Cheio!!!

Porra! Estou cheio!

Cheio das falácias governamentais que insultam meu raciocínio

Cheio do bombardeio das desculpas infantis e dissimuladas

Cheio das caricaturas de mau gosto riscadas pelo desespero

Cheio dos disfarces acanhados, vestidos de sorriso amarelo

Cheio do apoio sufocante, escondido no tapinha nas costas

Cheio do discurso óbvio de sociólogos mais óbvios ainda

Cheio de exercitar os passos sobre a miséria calada

Cheio do analfabetismo político, maquiado em diplomas de celofane

Cheio de suar ao sentir a aproximação da incompetência fardada

Cheio das intrusões primitivas, ancoradas no sonho dos outros

Cheio das cobranças raivosas dos inúteis crônicos

Cheio das latinhas vazias arremessadas pelo Brasil passageiro

Cheio de torcer pela desorganização das torcidas organizadas

Cheio da inaptidão pedagógica dos pais cegos

Cheio dos palpites ocasionais que fomentam a ignorância

Cheio do discurso religioso que só me faz descrente

Cheio do arrastão social que morre lutando

Cheio das promessas fantasiosas a cada quatro anos

Cheio dos governantes que “nada sabem” ou “nada viram”

Cheio da amnésia idealista, refém do cotidiano veloz

Cheio da atmosfera pegajosa a prova de bala

Cheio do cuspe juvenil defendido em rebeldia oca

Cheio da marcha fúnebre que conduz o destino

Ufa... que vazio gostoso.

Felipe Valério
Enviado por Felipe Valério em 17/05/2006
Reeditado em 01/12/2006
Código do texto: T157811
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