Janela

Pela janela da frente, observo o mundo. Pessoas que passam com pressa, outras nem tanto. Não conheço ninguem, não sei seus sonhos, seus medos ou as suas alegrias. Tudo hoje é muito rápido. Ninguem pode perder tempo, é a lei do mundo globalizado. Eficiencia ao maximo, lucro a qualquer preço. Quem não se atualiza perde o bonde do progresso.

Eu continuo aqui, sentado junto a minha janela. Aqui posso ver um mundo diferente das outras pessoas. Aqui não tenho pressa nem concorrencia, apenas espero as horas passarem. Todo dia é a mesma coisa, olhar pela janela e refletir sobre elas.

Vejo a varredoura de rua, que passa com a sua vassoura numa velocidade inacreditavél, deixando quase toda a sujeira pra trás e pouco se importando se o trabalho está bem feito ou não. Apenas cumpre a sua função sem ao menos se preocupar com o bem estar dos outros.

Moças bem tão bem arrumadas, com certeza trabalhadoras de lojas, que muitas vezes gastam mais do que ganham para andarem tão bem vestidas. Se bem que não daria para ser diferente, ninguem vai fazer compras numa loja onde as vendedoras não estejam bem vestidas.

E assim é um vai vem de carros e pessoas, todos correndo atrás de alguma coisa, algo que talves nunca chegue, mas que somos obrigados a buscar, algo que possa nos manter vivos e atuantes na sociedade e tentar ao menos fazer um pouco que seja.

De onde estou não posso fazer muita coisa, há uma grande barreira entre o meu mundo e o mundo lá de fora, onde a minha janela é o portal que me transporta para esse mundo e assim posso ao menos de longe ver como é.

E eu aqui apenas olhando, apenas sonhando com toda essa correria ai fora.

Carlos Costa