PECADO

Chovia. Fazia frio. Era esse o seu tempo preferido. Aquela atmosfera fúnebre era ideal para quem a muito estava só, bem verdade que por opção, pois companhias não lhe faltavam. Saiu sem saber direito pra onde ia. Talvez fosse pra lugar nenhum ou algum lugar, ainda não sabia, apenas ia.

Tudo passava apressado, os demais corriam daquela chuva insistente e incessante. A chuva aumentou, parou em um a loja, não pra passar a chuva, mas por que algo o chamou a atenção. Sim era bela, talvez uma das mais belas que ele já vira. O desejo de possuí-la o consumiu. Teria que tê-la. A chuva cessou e ele saiu sem se atrever a fazer nada. Queria ficar, mas não tinha levado o necessário par ficar ali. Ele passou por despercebido.

Andou mais um pouco e resolveu voltar. Já sabia para onde iria agora. Passara uma senhora que deixara cair um xale que levava em seu ombro. Ele sobressaltou-se sobre o xale e agarrou. Era aquilo o bastante. Seu coração começou a bater mais forte e o desejo de voltar a loja parecia fogo sobre algo inflamável. Incontrolável. Parou. Seria a coisa certa a fazer? Hesitou, mas foi. Encheu o peito de coragem e caminhou em direção a loja.

Tinha poucas pessoas. O suficiente para realizar aquele ato. Olhou-a devotadamente e decidiu: “Era ela”. Não tinha dúvida. A desejara como um sedento a água. Não sabia de onde vinha aquele desejo. Mas o tinha, ou talvez o desejo o possuísse. Caminhou na direção dela, quando uma voz lhe diz: - Posso ajudá-lo? Polidamente ele respondeu que não, já sabia o que queria.

Estava lá. Dentre tantas aquela sem dúvida era a mais formosa. Aproximou-se, “Era agora”, pensou ele. De propósito deixou cair sobre ela o xale. Segurou com força, o tinha em suas mãos, sentia aquela tez suave e vermelha em sua pele, seu coração batia tão forte, o desejo estava em seu apogeu. Agarrou-a e saiu sem ser percebido.

Ninguém sentira a falta dela. Agora era dele. Jogou na primeira lixeira que encontrou o xale. Queria chegar a casa o mais depressa possível e aproveitar cada segundo com sua nova conquista. Não sabia até quando ia durar, mas sabia que por hora ela o completava.

Abriu a porta. Foi direto ao seu bar e pegou uma de suas melhores bebidas. Teria que comemorar, aquilo merecia um brinde com uma bebida a altura. Pegou duas taças. Ela não bebia, não podia. Ele bebeu as duas. E de certa distancia o admirava, era difícil acreditar que ele a tinha.

A consciência o acusou, era sempre assim. Não podia tê-la, não daquele jeito, pensou em retornar a loja e deixa-la. Mas não conseguiu. Abriu seu quarto de coleção e a pôs em lugar de destaque.

- Que linda caneta!

Diego da Hora
Enviado por Diego da Hora em 13/05/2009
Código do texto: T1591838