Novelas da nossa Vida

Assistir televisão é o máximo, ainda mais ver as novelas, que contam uma realidade próxima a nós. Digo que as novelas contam sim a realidade, pois o que aconteceu com a Helena na novela das oito, aconteceu a mesma coisa com a vizinha da minha sobrinha de São Paulo.

Além do mais, é o divertimento mais gostoso para se fazer depois de trabalhar feito escrava na rotina da casa, limpar, lavar, passar, cozinhar, lavar, secar, arrumar, limpar, varrer, passar pano no chão, esfregar, lustrar, limpar, cuidar, regar, peidar – sou humana também, fazer o quê? – e limpar. Bem, isso, porque a única coisa que eu sei fazer, como diz meu marido e filhos, é “ficar em casa o dia inteiro de pernas para o ar”.

Contudo, continuemos a falar sobre como as novelas são o máximo para o divertimento familiar. Isso, quando o marido não quer assistir futebol na Sportv, canal pago, ou os filhos querem assistir a filmes estrangeiros e, de quebra, numa linguagem que não é o português. Ora é inglês, quando não é em japonês, umas tiazinhas gritando porque um bicho gosmento está saindo detrás da cabeça delas.

Entretanto as novelas não têm bichos irreais e malucos. Tirando os lobisomens e vampiros de novelas da concorrência. As novelas que eu assisto são de personagens humanos, iguais a você, iguais a mim. São pessoas com problemas reais, conflitos reais, violência real. Tão real que até na revista de fofoca diz que tal atriz levou um tiro na perna, mas que já está internada, sem risco de morte. Apenas teve que amputar a perna. Porém, como dizem por aí, isso é tática de marketing, ou o que lá isso signifique.

Mas o que me interessa mesmo é a história da novela. Aquele “Romeu e Julieta” nada tradicional, em que a menina é pobre, o menino é rico, a família não aceita o namoro, eles fogem, namoram, têm filhos, os pais morrem, a criança cresce, vinga a morte dos pais, matando o assassino, recupera sua herança e vai morar no exterior, curtindo a praia num sossego que só a novela pode proporcionar. Isso sem contar que a namorada dele é a mulher mais sexy da novela.

Agora, a pior coisa em uma novela – vou ter que contar, não é da minha índole dizer mal de novelas, propagar a negatividade, visto que isso não ajuda atrair “o segredo” – contudo, se no último capítulo a vilã não se der mal, o assassino não ser revelado, o vilão não ser morto, a grávida não ter o filho, o gay não arranjar um namorado, o mocinho não estar apaixonado, e acima de tudo, não haver um casamento sequer, daí, isso sim, é o estraga prazeres de qualquer novela. Novela tem que ter um final feliz, por mais irreal que seja.

Por isso, eu afirmo e assino embaixo, no íntimo, a gente quer que tudo dê certo. Mesmo se a Helena for adotada pela vilã, e a vilã for um travesti que matou o empresário gostosão, que na verdade era o amante do namorado da pobre Helena, a gente torce para que a Helena e o namorado bissexual dela reatem o namoro e terminem tendo algum filho. Melhor se forem gêmeos.