O brilho do diamante louco

Voltou pra casa sozinho, mil pensamentos me vêm a cabeça, dentre eles o de que estou sozinho e que esta vida miserável me pregou uma filha da puta de uma peça. Penso em como sempre tentei fazer as coisas de forma correta, de como tentava não sair da linha para não desagradar a força que nos rege neste mundo de merda e que um dia poderia vir a se vingar de mim, se eu fizesse algo fora dos "mandamentos".

Entro em minha casa e sinto uma fragancia específica, algo que me lembra daquela que tento esquecer. Aquela que desgraçou meus sonhos, e me derrubou no chão junto com a maldita força que rege nossas vidas.

Pego uma cerveja, e penso se isso vale a pena. Que se dane, nada mais me importa! Dou goles grandes, e bebo a cevada como se fosse água. Me enterro no sofá e ligo o stéreo, coloco minha banda favorita pra tocar.

Entre uma golada e outra o álcool faz efeito e mais pensamentos e lembranças me vêem a cabeça. Um sentimento terrível de solidão aflora e começo a derramar lágrimas de raiva e desgosto. Uma euforia toma conta de mim e começo a achar graça nas palhaçadas do cachorro que não parava de correr atrás do próprio rabo. Isto me trouxe uma analogia. A de quee era justamente aquilo que eu estava fazendo, correndo atrás do meu próprio rabo. A cerveja acaba e decido comprar mais, desço até o bar mais próximo, tento dar uma cantada na garçonete, sem muito sucesso volto com mais cevada pra encher meu estômago.

O pensamento me fica turvo não me lembro muito bem das coisas.

Lembro que ouvia a música e praguejava junto como se ela fosse um hino religioso, ela me dizia: Brilhe como um diamante louco! E eu me afundava no sofá e pensava o quanto eu queria brilhar ou apagar...

Fui até o quarto peguei aquele porta retrato que escondi com a foto dela. Olhei com carinho e o joguei na parede o mais forte que eu podia.

Desgraçada, morra no inferno! Pensei com ódio.

...

...

...

NO dia seguinte acordei nú, no chão da cozinha um fedor horrendo de cevada me veio no nariz e meu cachorro me lambia sem parar. Pensei comigo, que idiotice a minha, estou mais baixo que um rato de esgosto. Onde está minha dignidade? Que se dane! Corri até meu armário, saquei a nove milímetros e atirei na minha cabeça. A última coisa que vi, foi o brilho daquele diamante louco.

Álvaro Volkhadan
Enviado por Álvaro Volkhadan em 18/05/2009
Código do texto: T1600851
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