A JANELA É DE CORRER

Mora num quarto e sala. Bom é o banho quente. O espaço é restrito, tem poucas ideias, a TV é de 14", o dvd player é antigo, tem três livros e pouco humor. Solteirão.

Dá dois passos e está na sala, a cozinha é americana, no fim de semana aluga filmes. Tudo pouco: roupas, toalhas, lençóis, panelas, pratos e talheres. Só come salada e bebe café o dia todo; de 15 em 15 dias, peito de frango grelhado. Pra ele, telefone fixo é luxo. Não tem cama, dorme no sofá. Ampla é a janela onde passa as manhãs, uma parte é de correr e a outra é fixa.

A porta tem três trancas.

Lá fora, a natureza é exuberante, chove apenas para manter as plantações de milhares de pés de alface, o sol é forte, na sombra corre uma brisa constante. Passa horas olhando o rio largo de águas limpas, ao longe vê a cachoeira.

Detesta pagar lavanderia, mas não há outro jeito.

Não faz crediário, nem anda em aglomeração.

Diz que vai se matar, mas diz há muito tempo. Se faz de vítima.

Elysio Lugarinho Netto
Enviado por Elysio Lugarinho Netto em 23/05/2009
Reeditado em 02/01/2010
Código do texto: T1610779
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