A JANELA É DE CORRER
Mora num quarto e sala. Bom é o banho quente. O espaço é restrito, tem poucas ideias, a TV é de 14", o dvd player é antigo, tem três livros e pouco humor. Solteirão.
Dá dois passos e está na sala, a cozinha é americana, no fim de semana aluga filmes. Tudo pouco: roupas, toalhas, lençóis, panelas, pratos e talheres. Só come salada e bebe café o dia todo; de 15 em 15 dias, peito de frango grelhado. Pra ele, telefone fixo é luxo. Não tem cama, dorme no sofá. Ampla é a janela onde passa as manhãs, uma parte é de correr e a outra é fixa.
A porta tem três trancas.
Lá fora, a natureza é exuberante, chove apenas para manter as plantações de milhares de pés de alface, o sol é forte, na sombra corre uma brisa constante. Passa horas olhando o rio largo de águas limpas, ao longe vê a cachoeira.
Detesta pagar lavanderia, mas não há outro jeito.
Não faz crediário, nem anda em aglomeração.
Diz que vai se matar, mas diz há muito tempo. Se faz de vítima.