O MOSQUITO
No Clube Álvares Cabral, na aula de hidroginástica:
- Nossa!!! Que cara é esta, Penha?!
- Cara de dengue, "menina".
- Então é por isso que você estava tão sumida. Senti sua falta.
- Obrigada, amiga. Hoje que estou saindo de casa. Você não imagina o sufoco que...
- Ei galerinha! Vamos parar com esse papo aí! Não é mais para fazer polichinelo! É sapinho! Rápido! Encaixem os quadris! Força!
- Você falou em sufoco, Penha?
- E que sufoco! Foram três que pegaram dengue. Nossa casa virou um hospital. O maldito do mosquito picou, de uma só vez, o Bem, a Leli e eu.
- E vocês viram o raio do bicho?
- Quem dera! Teríamos esmagado o infeliz em dose tripla e com prazer.
-Ei! Essa conversa está atrapalhando! Dá para parar? O exercício já mudou de novo!
- Amiga, sabia que cada um, lá em casa, tem um matador de moscas? Todo mosquito de pernas compridas que aparece, morre. Virou uma obsessão.
- Quero todos correndo no lugar! Rápido! Deixem de lerdeza! Vamos!
- A professora deveria dar aula no exército, você não acha amiga?
- Claro que acho! Foram quantos dias de dengue, Penha?
- Anna, venha cá para frente! Assim você para de conversar tanto!
- Ah, não, "titia"! Vou ficar aqui mesmo. Estou muito velha para ficar de castigo.
- Isso mesmo, amiga. Mas, se você fosse, eu iria junto para lhe dar uma forcinha.
- Façam agora o pêndulo! Este exercício é bom para a cintura! Caprichem! Rápido! Mais rápido!
- Penha, vou caprichar para ver se afino a minha cintura de quibe. E aí? Conta mais.
- Aí, foram quinze dias péssimos. A sorte foi que o Bem perdeu seis quilos e a nossa filha, que já é magrinha que nem um palito, perdeu quatro. Eu, que precisava tanto, infelizmente não perdi um grama sequer. E tem mais: sabe aquela barrigona de avental dele? Sumiu to-di-nha.
- Não!!! Fala que é mentira, fala! Não é possível!!!
- Juro por Deus. Você precisa ver: ele ficou elegante.
- E você sabe cadê ele?
- Quem? O Bem?
- Não, "menina", o mosquito! Quero que ele me pique agora mesmo.
(Brincadeirinha. Deus nos livre desse mosquito!)