O MILAGRE
Darlene, em plena reforma de sua casa procurou outro pedreiro, pois o que começou o serviço adoeceu.
- Como é mesmo o seu nome?
- Gervásio.
- Tive boas referências do senhor e gostaria que terminasse o serviço.
- Posso terminar, mas tem uma coisa: vou trabalhar todos os dias da semana, menos na quarta-feira.
- Por que, "seu" Gervásio?
- É que, nesse dia, tenho um compromisso importante e não posso faltar.
- Tudo bem. Pode começar segunda-feira
Dois meses depois, numa quarta-feira, Darlene foi visitar uma igreja recém construída no seu bairro, depois de muita insistência da sua vizinha.
Sendo católica atuante, ela chegou ressabiada e sentou-se bem atrás.
Seus olhos percorreram o templo admirados com tanto luxo e beleza.
Os tapetes de veludo vermelho combinavam com as rosas das jarras e os acentos das cadeiras.
A toalha de linho bordada do altar era tão alva quanto o uniforme dos componentes do coral e contrastava com o negro piano de calda. Uma decoração de puro bom gosto.
O coral começou a cantar uma música suave, pondo fim aos cochichos muito comuns nas igrejas.
O som, quase angelical, invadiu a casa do Senhor
O pastor, um moço bonito e carismático com sua inseparável Bíblia debaixo do braço, saudou os fiéis com um sorriso. Todos responderam.
Darlene parecia estar no céu, até o momento em que anunciaram ao microfone que estava acontecendo uma grande cura nos bancos da frente.
A igreja lotada levantou-se e ela também.
Só que, do lugar em que estava, não dava para ver a pessoa que estava sendo curada de uma cegueira de nascença.
O locutor dizia entusiasmado:
- Milagre!!! O nosso irmão, que nunca viu a luz do dia, agora está enxergando!!! É um verdadeiro milagre!!! Aleluia!!!
Não contendo a curiosidade, a visitante foi abrindo caminho no meio do povo e, quando se aproximou do tal homem que fora curado, quase desmaiou.
- Meu Deus do céu!!! É o "seu" Gervásio, o meu pedreiro!!!