Minha parede

Aqui, por muitas vezes andei triste, parei certa vez e sentei naquele banco.

Ao fundo, a nove de julho suportava pessoas nervosas e ansiosas de chegada a algum lugar, bom para eles, pois tinham um destino, eu não.

À frente, a Avenida Paulista, viva, linda, calma ausente, o reflexo de São Paulo; Hora de pico, um bar era convite, muitos foram, impossível, porém, acreditar que no centro de tanta confusão havia um pedaço de interior, a sacada pública permitia à lua cheia mostrar-se nua a aventureiros da trilha de concreto, que ali sentavam e numa única classe se faziam.

Eram quatro mendigos ao meu lado esquerdo, um copo para todos, a mesquinharia não existia, pois me insistiam acompanhá-los a saborear o copo d´agua, estava sem sede.

Na outra ponta do mesmo lado, três eram os estudantes que fotografavam para um dia expor no prédio acima de nossas cabeças.

Ao lado direito, o casal quente presente, nem se darão conta de que aqui foram citados.

Em três horas, diversas histórias despercebidas ocorreram, alimentaram minha solidão, naquele dia fui relator, em breve volto para agradecer as energias positivas que ali me incentivaram.

Tendo eu encontrado um destino, volto lá não para escrever, mas para fazer histórias; vou acompanhado de amigos, família, namorada e máquina fotográfica, cujos registros não subirão as escadas, no máximo ficarão expostas na parede de minha casa, sendo ali o museu de artes da solidão paulistana...