Níger

Agora me sinto realizada. Pela primeira vez tenho um trabalho e só agora posso me considerar digna. Com o trabalho o homem é justo, só é possível à justiça com o trabalho. Na medida em que ele não tem trabalho ele comete a injustiça, essa fora a concepção que meus antepassados me deixaram como legado.

Me chamo Níger, minha mãe que escolheu o meu nome, não sei quem ela quis homenagear e nem o significado dele. Eu só sinto que as pessoas a minha volta se espantam e me ridicularizam por conta do meu nome ou então me elogiam por ele.

Eu comecei a ser justa no dia em que consegui um trabalho como vendedora numa loja de eletrodoméstico.A loja era a maior da cidade, quem queria trabalhar com venda gostaria de estar representado as vendas nessa loja. E eu consegui.Mesmo não sendo a Europina, que era considerada a garota mais inteligente e bonita da cidade, eu fui admitida no emprego. Enquanto eu ainda era uma iniciante na loja a minha colega de classe e vizinha já estava no emprego à um ano e meio. A Europina era uma garota desejada por todos tanto pela sua inteligência quanto pela sua beleza. Mas, eu ficava sempre a me perguntar, todas as vezes na prova da escola ou trabalho escolar ela me pedia ajuda, mas só as notas dela era superior as minhas. Era a mesma questão e a mesma resposta, porque era eu que respondia, entretanto eu ficava com sete e ela com dez. Não vou contestar o que esta institucionalizado, para mim só é permitido viver.

Com esse emprego que consegui tenho como rendo fixa todo mês quatro centos e doze reais. Mas, o vendedor que consegui vender mais ganha comissão. Ah! Essas comissões que é o infortúnio de quem trabalha com vendas.

O dono da loja procurando seu fim último que é lucro instigava nos seus funcionários a competitividade. Por isso, era uma loucura a relação entre agente. Eu particularmente vivia em pé-de-guerra com os meus colegas de profissão. Era um querendo ser mais ágil que o outro.Na relação de trabalho não existia amizade. Era uma guerra declarada.

Eu carregada de valores etendo que conviver com aquilo tudo estava fundamentalmente imersa nos contraditórios, agindo contra os meus princípios só pela motivação de me dar bem na vida.

Paradoxalmente eu só tenho dignidade e só vou poder agir com justiça na sociedade com esse trabalho que eu ago sem dignidade e injustamente com meus colegas. Fico em pé na loja de nove da manhã até sete da noite, é uma loucura, porque não é todo dia que vem a loja muito compradores, com isso as poucas pessoas que entram é uma loucura. Eu terminava o dia estressada fisicamente e psicologicamente, era uma guerra cada dia de trabalho.

Certa vez uma senhora foi comprar um fogão, mas não sabia que tipo de fogão levar. Eu fiquei em torno de quatro horas até ela decidi, o tempo que perdi com aquela senhora me levou cem reais em comissão. E ainda por cima quando terminou toda a negociação com a venda do fogão a senhora reclamou com o gerente sobre o meu atendimento. Eu só estava seguindo ordem da gerência que era vender muito e em pouco tempo. Depois que a senhora reclamona e indecisa fez a reclamação, o gerente na frente dela me humilhou. E fez questão de deixar claro na frente dela que quem mandava na loja era o cliente.

-O cliente a cima de tudo. O lema da nossa loja é primeiro cliente e o último também. O nosso fim último aqui são vocês. Se ela te tratou de forma mal foi um erro e que ela iria pagar pelo seu equivoco.

No mesmo momento em que o gerente proferia suas palavras, Niger começou a refletir sobre a hipocrisia dele. Somos motivadas a dar lucro a loja e não tratar bem aos clientes. Na verdade aqui só o dinheiro importa. Cada cliente que adentra a loja é uma cédula. Algumas de cem e outras de mil. O valor que cada um tem aqui está representado no seu cartão de crédito ou na sua carteira de dinheiro.

A fala do meu gerente me fez parar e rever minhas ações. Aquilo tudo iria me levar a que? Só a ter ódio dos meus colegas, eles de mim e eu me torna uma pessoa ambiciosa, sem caráter e o que é pior, sem dignidade. E eu acredito que só com o trabalho eu poderia ter dignidade, ser uma pessoa justa e fazer valer a justiça. Pois se todos trabalhassem poderiam ter em suas mãos o seu dinheiro para se sustentar. Mas, a concepção que vejo hoje é que esse trabalho que estou hoje me corrompe a cada minuto. As minhas ações me colocam num labirinto. Essas ações que devo ter são todas elas desmedidas. Eu nunca conseguirei encontrar uma medida nas minhas atitudes nessa loja. O sistema aqui é cruel. E o pior nisso tudo é que eu estou me tornando cruel como ele, ou será que sempre fui, mas até aquele momento não tive a chance de desenvolver esse meu lado? Prefiro acreditar que foi o meio que me tornou nisso: correr atrás de um cliente para que ele compre um eletrodoméstico nessa loja, para assim eu ter uma comissão maior no fim do mês. Eu sou uma comissão.

Quando eu cheguei em casa fui correndo para o colo de minha mãe, contei tudo a ela e depois chorei sem parar. Minha vontade era de não mais voltar à loja, não olhar nunca mais na cara daquele gerente. Eu só fiz o que me mandaram, e por fazer fui humilhada. Eu acreditava que representava a loja, mas era tudo mentira. Tudo não passava de uma ilusão. Minha mãe me deu a maior força como sempre.

No dia seguinte pela manhã minha mãe me rezou, porque segundo ela era para me livrar dos maus olhados e da hora mau. Essa má hora pode ser entendida como a morte. Ela tinha o maior medo de me perder, porque só era eu e ela nessa vida. Eu me arrumei e ao colocar a farda ela olhou pra mim e disse: você vai chegar a gerência minha filha, porque potencial eu sei que tem. Eu estava tão zangada já com a vida que escolhi que naquele dia como era de hábito eu nem beijei minha mãe, e o que é pior não olhei nos seus olhos e disse que te amava. Ela sempre foi a minha maior força. O meu motor sempre foi minha mãe. Quando eu chegava em casa como eu cheguei na noite passada ela que me dava motivação para continuar. E eu sempre continuava.

Fui trabalhar. Peguei meu transporte que sempre só passava cheio. O horário que saia de casa, às sete e meia e sempre pegava o transporte coletivo super lotado, pois a maioria das pessoas que vão trabalhar ou à escola pega o ônibus esse horário. Era um fardo aquele transporte, mas o que eu poderia fazer? Nada. Entra e disputar um lugar para colocar pelo menos meu pé nele. O que mais me zangava nisso tudo era que as pessoas não entendiam que a culpe não era nossa e sim do sistema precário que nós estamos imerso. Mas, mesmo sabendo disso tudo eu não agüentava e brigava com as pessoas a minha volta, até com velhinhos eu brigava e isso tudo às sete e meia da manhã. Eu já acordava revoltada com a minha rotina. A rotina que tanto sonhei. A volta era um transtorno ainda maior, porque o ônibus já tinha passado em vários lugares e por isso eles nem paravam, por conta do número de passageiros. As pessoas iam para casa agarrados na porta do coletivo. A vontade chegar em casa cegava o perigo de viajar dependurado na porta do ônibus. Entre morrer em direção ao lar ou ficar mais um minuto na porta do trabalho, morrer.

Cheguei ao trabalho e dei bom dia ao segurança, ele como sempre muito simpático comigo, um grande amigo. O único também. Ele na verdade é amigo de todos aqui. Eu acredito que agente que trabalha no setor de venda gostamos dele, porque ele não é motivo de risco para nós vendedores. Ele é a minha única segurança. Com ele não corro risco. A minha comissão está garantida. Ele me protege de assalto dentro da loja e não vende, então não preciso ficar disputando clientes com ele. Posso dizer com toda certeza ele é o meu único amigo aqui. Se caso ele estivesse vestindo a minha camisa com toda certeza ele seria estranho a mim e eu a ele. Meus amigos aqui são aqueles que não desejam a mesma coisa que eu.

Entra na sala dos vendedores comprimento os meus colegas e assino a lista. “Bato o ponto” e tomo um cafezinho.

- “ Olá Níger você viu ontem no noticiário que oitenta porcento da pessoas que pegam transporte coletivo ou que almoçam na mesma mesa, ao sentar do lado de uma pessoa desconhecido nem se importa quem seja a pessoa nem olha para ela. Pode até falar um olá tudo bem, mas segundo a pesquisa não existe um cuidado com o outro.

- Não, ontem eu não assistir jornal. Cheguei em casa muito cansada, porque as pessoas a minha volta deve estar dentro desse percentual.

Níger desceu as escadas e foi para frente da loja esperar os clientes, afinal a famosa comissão precisa ficar um pouco mais gorda.

O dia seria de muito movimento, pois estava em época de festas de fim de ano. Nesses tempos as lojas vendem muito e por conta disso o número de funcionários aumenta. E Níger foi contratada por causa disso, a demanda tinha crescido e a loja precisou de funcionários. O locutor fazia a maior festa com as senhoras que entravam, divulgando as promoções do dia. E o entra e sai de clientes era muito intenso. Todos comemoravam, porque os próprios vendedores não estavam dando conta de tanto comprador.

Níger naquele dia não teve nem tempo de ligar para mãe e nem de atender as chamadas no celular da mãe, porque ela não parou. Ela só parou um minuto enquanto ia ao banheiro para fazer a conta da sua comissão, já estava em torno de oitocentos reais. A vontade da rainha das comissões ela ligar para a mãe e fazer a maior festa no telefone, mas não tinha tempo para isso, ainda eram duas da tarde e ela tinha muito mais que lucrar. Até aquele momento ela tinha mil e duzentos para receber no próximo mês. Nunca ela tinha visto aquele dinheiro em toda a sua vida. Não via a hora de acabar o mês.

As três da tarde ela subiu muito rápido e comeu um pão que tinha trazido na mochila para lanchar pela manhã, mas como não deu tempo fez do lanche o seu almoço às três da tarde. Depois de comer seu pão com queijo e presunto ela desceu e foi vender. Ela tinha como função alienar os produtos da loja. Para surpresa dela entrou na loja um colega do tempo de escola. Eles estudaram juntos na primeiro ano do segundo-grau, paradoxalmente esse colega ela não fez tanta questão de atender. Mesmo com a pressão da comissão ela não foi ao novos clientes que entraram a loja. Muito pelo contrário deixou que os seus colegas fossem. Mas quando o colega viu sua antiga colega de classe foi até ela e lhe deu um apertado abraço. Ela muito sem graça beijou o antigo colega e aos poucos foi revelando-se a mesma pessoa simpática e amiga de sempre. Eles conversaram um pouco e por infelicidade ela o colega não comprou nada, só estava vendo quanto era as coisas. A famosa: “só estou dando uma olhadinha”. Ele se foi e prometeu que voltaria lá para eles conversarem um pouco mais, porque a loja estava uma loucura nesse fim de ano.

-Eu vou viajar, mas quando retornar de férias passo aqui para saber um pouco mais de você.

-Passe mesmo, tome meu número e quando você vier aqui me diga com antecedência que eu vou marca com o resto do grupo que era comum a nós dois.

Pronto, aquele encontro deu novo ânimo a Níger, ela começou a sentir novamente o gosto de ser abraçada por um amigo. Ela sentiu o valor do abraço, o valor do aperto de mão e do cumprimento com o beijo nas faces. Ela foi aquecida pelo abraço do seu colega e renasceu. O trabalho tinha brutalizado Níger e se o antigo colega não a aparecesse ela se transformaria numa máquina de vender. Para o dono da loja isso seria ótimo e para o bolso dela também, o único problema só seria o valor que ela possuía dela. Isso começou a se chocar e ela diante disso fica profundamente infeliz.

O abraço do seu amigo Hélio lhe aqueceu de uma maneira que ela começou a tratar seus colegas naquela tarde de uma maneira diferenciada. Níger se aquece e se transforma. Talvez Hélio tenha visto que sua antiga colega não estava bem.

Hélio foi se embora prometendo à colega que voltaria. Às cinco hora da tarde o gerente vai embora e avisa que está levando o dinheiro, porque hoje o lucro foi muito bom e não é legal ficar na loja com aquele dinheiro no caixa. O gerente se vai deixando a ordem que hoje quer que a loja fica aberta até às nove da noite. O dinheiro não está mais na loja então não corre o risco do pior acontecer.

- O que tem valor já está indo comigo. Agora quem quiser ir pode, o horário é até às sete. Mas quem ficar terá gratificações, então cada um de vocês tem a liberdade de fazer o que quiser. E ainda tem mais, quando acabar esses tempos de festas, a loja vai demitir um número considerável de vendedores. E nós já estamos observando quem é a loja e quem não é. Vamos vencer a concorrência!

O carro com o dinheiro saiu da loja às cinco e meia mais ou menos. Foi o gerente e mais três seguranças. Eu resolvi ficar no trabalho até nove. Eu até pensei em ir embora, mas eu preciso desse trabalho. Quando deu sete horas da noite eu não agüentava mais de fome e por isso comecei a ficar um pouco grosseira com alguns clientes. Na verdade eu não agüentava mais, desde nove da manhã que falo e ando. As minhas palavras chaves frases para garantir a compra já tinha se tornado disco arranhado nos meus ouvidos.

- Olá, promoção, desconto, esse produto nunca irá se acabar, aceitamos todos os cartões, á vista tem um desconto de trinta porcento, a senhora comprando hoje chega em sua casa depois de amanhã.

Isso era o que eu falava, eu particularmente não me agüentava mais. E ainda tinha que ficar trabalhando mais duas horas. O segurança que tenho estima percebendo minha fome saiu e comprou para mim um acarajé. Eu não tinha como agradecer a ele, só tinha comido um pão e era ele que estava me mantendo em pé. Como eu parei para lanchar aproveitei e liguei para minha mãe. Ela estava super preocupada pelo fato de não ter falado comigo hora nenhuma naquele dia. Mas quando disse o motivo da não ligação rapidamente ela me perdoou.

-Que bom minha filha, hoje você lucrou mesmo. Não lhe disse um dia minha princesa chega a gerência dessa loja.

Do outro lado da linha só era risos. Níger estava feliz não pela comissão do dia, nem pelo acarajé que saciava sua fome naquele momento, mas por ter sido aquecida pelo afeto de seu amigo Hélio.

Terminando o lanche Níger desceu apressada e com muita disposição para finalizar uma hora de trabalho que lhe restava. Uma hora do abismo. Uma hora para fechar seu dia. Ela desceu e ficou entre as televisões, dentro da loja. A loja já estava vazio, só um senhor que entrou olhou os rádios, achou caro e brigou com o vendedora, a que tinha perguntado a Níger se ela tinha visto o jornal, chamando-a de mercenária. Ela chamou o vigia e ele acompanhou o senhor nervoso até a parte exterior da loja.

A loja já era pra fechar oito e trinta e não tinha mais ninguém comprando. A desmedida de lucrar foi o erro.

Parou duas motos na frente da loja e um carro. Na primeira moto só tinha o piloto e na outra de um piloto e um na garupa. No carro saltaram quatro rapazes.

Níger estava no caixa contando o dinheiro que tinha entrando de cinco até aquele horário, era oito e cinqüenta. Hermes rendeu o vigia e mandou ele entrar na loja calado. As portas ficaram semi-cerradas e os vendedores ficaram no chão com a mão na cabeça. Ficaram quatro ladrões tomando conta dos vendedores e do vigia e o resto foi em direção ao caixa. Até aquele momento Níger e a garota responsável pelo caixa não tinha notado nada. Hermes que era o líder da ação entrou na parte interna que as jovens estavam contando o dinheiro e foi pedindo para elas colocarem tudo na sacola. Ele chegou com uma mochila preta e jogou sobre Níger ordenando que ela colocasse todo dinheiro na sacola. Ela rapidamente colocou na sacola o dinheiro que estava no caixa.

Quando Hermes viu a quantidade do dinheiro na sacola não acreditou e perguntou as duas jovens se elas estavam de brincadeira. Elas ficaram sem entender, porque tinham colocado todo o dinheiro do caixa. O amigo de Hermes contou e viu que só tinha trezentos reais.

As jovens não estavam mentindo o dinheiro não estava mais na loja, desde cinco horas que o gerente tirou o ouro dele de lá. Os ladrões ficaram inconformados e começou a agredir Níger, ela foi espancada para dar conta de algo que nem dela era.

Ao perceber que a jovem falava a verdade Hermes parou o espaçamento e começou a saquear a loja. Computadores, rádios, ventiladores o que estava dando no carro ele estava colocando com o seu bando. Um senhor ao ver a porta da loja entre aberta às nove e meia da noite, e ver um carro e duas motos estacionadas na frente da loja e o entre e sai de pessoas colocando eletrodoméstico no automóvel ligou para a policia e fez uma denuncia.

Rapidamente a loja estava cercada e os bandidos ficaram dentro da loja transtornados. Todos os funcionários ficaram concentrados em um só canto. Enquanto os vendedores ficavam pensando como acabaria tudo aquilo, imaginando se naquela noite iria rever seus pais, marido, esposa, filhos, amigos. Tudo era incerto. E tudo por causa da injustiça

Essa injustiça era dos dois lados. A não disposição habitual para o bem por parte do gerente que queria a sua loja lucrando mais que as outras, ele vitima do seu patrão. Ele por conta da sua alienação foi o não virtuoso para atender ao sistema. E o outro lado dessa injustiça é a falta de trabalho e a não oportunidades que às vezes levam os Hermes a cometer esses tipo de barbárie. O homem sem trabalho é propicio a cometer a injustiça. E com trabalho também, como foi o caso do gerente. Todos injustos, na mesma medida e na falta dela também.

Os policiais começaram a dar tiro na porta com o intuito de assustar os bandidos colocando a vida dos funcionários em riscos, mas com a chegada da impressa eles pararam. Os ladrões ficaram assustados e para fugir da loja cercada pela policia só saindo com um refém.

Hermes puxou Níger e disse que ela seria seu escudo. Os policiais falaram no megafone que só daria mais dez minutos e que iriam invadir. O chefe do mando saiu com a jovem vendedora em sua frente ficaram parados na frente da loja. Os outros ficaram posicionados atrás de Hermes. Níger chorava muito e pedia para acabar logo aquele tormento. Os ladrões gritavam que queriam fugir sem machucar ninguém, mas se encontrasse um simples obstáculos aquela jovem garota sofreria o pior.

Tinha policial em volta por toda a loja. Na frente da loja tinha uma passarela e uma via de pista, no lado dela tinha uma rua e essa rua estava toda ela tomada pelos policiais. Em cima da passarela tinha um policial esperando o momento certo para atingir o chefe que segurava a vendedora pela cintura. Os bandidos estavam cercados e os policiais tinham ordem que não deixassem sair daquele espaço em liberdade. O preço poderia ser uma vida de uma pessoa inocente, mas isso passa. O que não podia era o bandido fugir com o dinheiro do dono da loja.

O policial que estava pronto para acertar na testa de Hermes foi adicionado para entrar em ação. Mesmo vendo que atrás de Hermes tinha mais de cinco bandidos os policiais arriscaram. Um tiro se ouviu, com isso todos que estavam em pé na frente da loja tentando sair dela voltaram para a parte inferior do estabelecimento. Hermes deitado por cima de Niger ficou se apalpando para ver se ele tinha se machucado com o disparo, mas não tinha sido em seu corpo que a bala tinha se alojado. Mas o sangue insistia em aparecer em suas mãos. Ele saiu de cima da vendedora e não viu mais reação dela. Nisso se tudo se ouvia tiro para todos os lados.

Os vendedores na saída dos invasores subiram correndo e se trancaram na sala dos vendedores, que fica na parte de cima do estabelecimento. No momento do caos em que não tinha nada determinado cada um procurou se salvar e na primeira oportunidade de se salvar, ninguém se lembrou da reportagem que tinha visto no jornal da noite passada, que aproxidamente oitenta porcento das pessoas negam as outras a sua volta.

Níger foi a vitima fatal daquele fatídico assalto. Os bandidos foram presos e a jovem foi enterrada.

Ao amanhecer com as noticias sendo circuladas nos noticiários o amigo de Níger ficou sabendo que sua antiga colega tinha sido mortalmente ferida enquanto trabalhava.

Hélio viu Níger cheia de vida pessoalmente e depois de horas fica sabendo através do jornal que sua colega faleceu porque ela era tratada sem valor algum. Sua amiga representava a cédula no bolso do gerente e quando Hermes lá entrou ela também significava a mesma coisa.

No outro dia o pessoal da limpeza entrou em ação e limpou o sangue derramado de Níger, pronto tudo esquecido. Os bandidos logo serão soltos e esse acontecimento será esquecido por todos. Níger, a garota que entrou na loja com um objetivo teve que se incorporar ao fim último da loja e pagou com a sua vida. Porque, o ideal daquele estabelecimento é vender e o real é lucrar. Agora é começar tudo de novo naquele dia que ainda se sentia o cheiro forte do sangue de Níger. Euripina foi promovida a gerencia e o antigo gerente foi gerenciar uma oura loja fora da cidade, foi promovido também.