Quarta parte

Às vezes me pego pensando em mim e o que devo fazer na minha vida. Estou tão perdida, tão desorientada que fico na linha entre bem e o mal.

Cá eu venho a deduzir quem sou nas lendárias histórias infantis. O resultado não é tão gratificante. Penso nas princesas e nas suas projeções que refletiam tanto na infância... Não sei o motivo, mas me achava parecida com a Cinderela. Entretanto, pouco tempo depois, me deparava com a realidade e só via dois irmãos encrenqueiros que achavam que eu era um moleque.

Depois veio a adolescência e toda aquela história de amor platônico pelo o namorado da coleguinha de turma. Achava-me a verdadeira mala, a vilã da história, a mal-amada e amarga. Ficava atrás das maquiagens escuras, uma espécie de máscara para caricaturar o que eu queria ser. Apenas queria, pois não fazia nada para atrapalhar, até pelo o contrário, eu era a fada madrinha dos pombinhos. E sinceramente, me sentia o máximo por poder ajudar daquela forma, mesmo que doesse, era uma dor gratificante.

Adiante a fase 'quase' adulta (eu tenho só vinte anos) que vem com toda aquela auto-afirmação do que sou e se as escolhas que eu fiz anteriormente realmente valem à pena e se posso seguir no caminho. Estou na fase do vazio, não sou nada, não sou ninguém. E me pergunto o motivo pelo qual eu estou tão estigmatizada. Estou caída na introspecção. Estou evitando falar sobre mim. Estou evitando ser quem eu sempre fui, ou pelo menos evitando me encontrar novamente. É esquisito, pois eu não quero me encontrar pra não sofrer nenhuma influência... Então quem sou eu?

Acho que serei uma mulher de verdade no dia que souber que eu tenho uma história e que sou protagonista dela. Acho que saberei o que é a vida quando tomar as rédeas do caminho e nunca mais aceitar que sou um personagem que não existe na minha fábula.

Maria Macedo Dantas
Enviado por Maria Macedo Dantas em 12/07/2009
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