O homem que tocava acordeão

Tôda manhã o homem aparentando uns sessenta anos, sentava-se no degrau de sua casa que dava para rua principal e tocava seu acordeão.

Era fácil ver algumas pessoas sintonizadas na sua música, uma mescla que remetia os sons de Paris e o parque de diversão.

As manhãs ficavam mais bonitas, diria até mais alegres, embora nem todos gostassem do tipo de música que o homem tocava.

Ao meio dia em ponto encerrava, e sua espôsa , uma senhora de avental branco e lenço vermelho na cabeça, chegava até a porta e murmurrava algumas palavras em seu ouvido dando à entender que o almôço estava pronto.

Essa cena foi por muitos anos repetida e o tal homem, que por intermédio de um amigo, fiquei sabendo que se chamava Continentino, mas tinha um apelido de Dick.

Era muito difícil descobrir algo de seu passado, sabia que era imigrante espanhol, e do presente que tinha uma filha, Carmenzita,

e talvez uma neta, Marisol.

Uma môça era assídua frenquentadora das lindas manhãs musicais.

Uma professorinha, que deveria ter seus vinte anos, e todos dias, antes ou depois da aula que dava, fazia uma paradinha para ouvi-lo.

Tinha sua música preferida, uma versão da música do Frank Sinatra, que aqui no Brasil teve o titulo Coisinha Estupida, e o velho Dick a tocava emocionado para sua fã, a meiguinha professorinha.

Os dias de chuva não tinham tanta graça, faltava aquela música na rua, e também a figura de Dick, que já era parte integrante.

Meu amigo, Clóvis, conseguiu fazer uns clipes do nosso amigo, meio que escondido, pois ele era arredio com essas coisas.

Hoje, que estou afastado da minha rua, recebi um e-mail do Clóvis, dizendo: lembra desse clipe, desse personagem, pois é, fazem duas semanas que os dias estão lindos, e o sol brilha e aquece a rua, mas falta algo, a música parou.

Entendi o recado, e assim resolvi escrever algo para esse ilustre personagem, que agora deve estar tocando e alegrando um pedacinho do céu.

Minha homengam a todos os músicos amadores que de certa forma alegram demais pessoas, como o nosso Dick alegrou.

Mateus Ambra
Enviado por Mateus Ambra em 29/07/2009
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T1726568
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