Tamarindo

Tamarindo

Compro a pasta de tamarindo e faço refrescos e mais refrescos, na lembrança das cascas de abacaxi que temperava e enterrava fazendo uma bebida que podia considerar excepcional. Seria a fórmula da Champagne tipo Don Perignon? Compro a pasta de tamarindo e pago na caixa à mulher simpática, de cara redonda, onde reconheço aquela que me fez passar muitos meses da mocidade em prolongadas meditações lacrimosas. Vejo-a de uniforme escolar comendo uma língua de sogra e limpando a coriza com o dorso da mão esquerda; vejo-a também baixando para pegar a caneta, demorando-se na posição para que a saia permitisse a visão da calça imaculadamente branca. Vejo-a simpática, mas deprimida, contando dinheiro, contando as notas de modo pouco sensual, diferente de quando pegava na caneta e mordiscava o lábio inferior, assim mesmo no singular; que acontecimento tão singular!