Prazer, Maribel

A música animava os mais eufóricos, era final de noite, alguns poucos boêmios ainda acreditavam estarem sãos, em plena consciência, mas na verdade o que restava era apenas passos descompassados, copos vazios sobre a mesa, olhos murchos e avermelhados, falas distorcidas e já amolecidas pelos efeitos da "Marvada" e o que mais se via era idas constantes ao banheiro, principalmente os Homens, que não conseguiam, sequer, encontrar o ziper de suas calças, tamanha era a embriaguez que se encontravam. Dos muitos que estavam dançando, alguns, bem poucos aliás, estavam sentados e conversavam sobre suas vidas, sobre a vida. Não vou dizer que eles estavam totalmente sóbrios, no entanto ainda tinham condições de ter um diálogo inteligível e por alguns minutos conversavam tranquilamente.

Como toda noite, após umas e outras, principalmente ao chegar a madrugada, surgem alguns personagens, já totalmente afetados pelas doses de "água benta". Nesta noite não poderia ser diferente, já animada e visivelmente "louca", uma senhora que estava na mesa ao lado dos jovens, decidi se apresentar e o faz com toda animação possível:

- Olá meninos, meu nome é Maribel.

A Senhora tinha longos cabelos loiros e encaracolados, nariz avantajado e trejeitos bem festivos. Ela estava com mais duas pessoas a mesa, um deles, parecia ser mais um típico malandro da noite; era muito mais jovem do que ela, tinha um olhar malicioso e superficial e gestos bem despojados, lembrava muito um golpista, apelido pelo qual ficou conhecido pelos jovens. Tão logo se apresentou aos jovens, Maribel logo sacou do bolso o seu cartão e se apresentou com esteticista, com toda sua animação, disse que tinha vindo de um lugar distante e estava batalhando para conquistar sua independência financeira aqui em São Paulo. Maribel estava tão animada ou "mamada", que não conseguia se conformar em nos ver sentados e parados conversando, ela insistia em nos ver dançando, rindo compulsivamente ou se exibindo de todas as formas, como ela fazia tão bem naquele momento. Maribel naquele momento parecia estar feliz com toda aquela festança, mas algo dizia que não estava assim, seu olhar transmitia desconfiança e superficialidade aos jovens, refletidos também em seu companheiro de mesa. Fim de noite, ambos os jovens foram embora, Maribel ficou e o que restou foi a imagem de mais uma personagem da noite, que quizás veremos novamente algum dia...