Só para cultos

Boa noite a todos !

Começando mais uma tarefa, que aparentemente fácil e prazeirosa, na real, muitas vezes dificil e complicada.

Depende muito do dia, no caso aqui noite, do teu estado de espirito e do mote é claro.

Eu gosto de escrever quando tenho tema e tesão.

Exitem duas coisas que no momento me dão injeção de ânimo: o Ferreti & Demola e minha amiga que escreve muito bem e tornou-se leitora e fã desse aqui vos fala.

A dupla Ferreti e Demola, amigos malandros de muito tempo, e sempre me trazem fatos novos e curiosos.

Minha amiga escritora, além de inteligente, culta, super amiga e com muitos atrativos fisicos-visuais, foi sem dúvida uma incentivadora para que eu continuasse escrevendo, e hoje é minha maior leitora, sabe tudinho sobre os textos, de certa forma minha mestre, já que me fêz aprimorar e ter mais cuidado com o texto, porque eu sempre quiz ir pelo caminho trash, e bancando o Adoniram Barbosa mesclado com Torquato Neto.

Dito isto, vamos ao Conto.

O Demola ( tem esse apelido porque trabalhava numa fábrica de colchões de molas ), um negro de 1,80 m de altura, com seus quase sessenta anos, mas aparenta muito menos, contou para o Ferreti ( meu amigo gaúcho, mas mora no Rio de Janeiro a muito tempo, vizinho do Demola, Bairro de Botafogo ) esse caso.

O Geraldo estava muito invocado, pois passou o dia na receita federal, no Ministério da Fazenda, tinha que provar que 2 + 2 = 4.

Fôra convocado para explicar o seu impôsto de renda, feito pelo seu contador, que conhecia a anos.

Detalhe é que na realidade, havia um impôsto devido de R$ 2,75.

Ele não podia se conformar, perder um dia de trabalho, e ir justificar uma dívida de R$ 2,75.

Ele queria pagar logo. Numa casa lotérica, num banco, no colégio, na sede do partido, onde fôsse, fácil de resolver: devo, pago e quito.

Engano.

Você tem que se dirigir numa secretária da receita federal, deixar sua identidade na portaria, ou ser fotografado e tudo mais.

Depois ouvir do funcionário, que nem crachá usa, ( ele sabe tudo de você, mas você nem sabe se ele é efetivo ou não ) que você está devendo ao físco, à nação, R$ 2,75, que é com esse dinheiro, que fazem obras, pagam os professôres e funcionários públicos, enfim temos que ouvir essas coisas, que no mínimo irritam qualquer mortal.

Depois de tanto lero lero, ele acabou aceitando a dívida e sugere pagar ali mesmo e acabar com aquilo de vez.

Nada feito.

Você tem que tirar uma nova guia, porque como já passou do prazo, do envio da notificação aos dias de hoje, esse valor de R$ 2,75, já esta defazado, ou seja, temos que recalcular.

Tudo bem, nosso amigo, segundo o Demola, aceita tudo.

Diz para que lhe dêem outra guia e que ele paga ali mesmo.

Não é sim, meu amigo. Aqui só tratamos de explicações e orientações, o departamento que emite boletas é no terceiro andar, você vai procurar O Jorge, ele que trata disso.

Querendo se livrar logo disso, olha pro relógio, pensa...e diz tá eu vou lá agora, será que ele me dá essa guia logo, pra acabar com isso de vez.

O funcionario, diz: ele custuma ser prático, resolve bem as coisas, gente boa, fala para ele que o Vilela te mandou.

Demola me contou que o cara saiu correndo pegou o elevador, lotado, e dirigiu-se ao terceiro andar.

Meio que perdido, viu de cara que seria uma batalha campal.

Gente que não acabava mais, parecia venda de ingressos para o jogo do Fla X Flu.

Nosso amigo dirigiu-se à um guarda que fazia uma espécie de segurança particular de uma sala super fechada.

Perguntou pelo tal funcionário, O Jorge.

Segundo o relato do Demola, o guarda deu uma risada daquelas.

O jorge !

Pô, acho que só deve chegar as 13 horas, na parte da manhã ele dá plantão na consultória do Chefe Brandão.

Nosso amigo diz: Mas não tem outra pessoa que possa fazer o serviço dele para mim ?

O guarda responde: tá brincando, já viu aqui no Brasil alguém trabalhar por outro sem receber nada ?

Mas o guarda diz no ouvido dele.

-O senhor trouxe o disquete ou CD da cópia do seu imposto de renda ?

- Trouxe uma cópia mas em papel.

- Tinha que ser em CD ou disquete, porque a Kátia põem no computador, lá tem um programa e tira uma nova guia para o senhor.

- Putz, não trouxe, porque meu contador só me deu cópia do impôsto de renda em xerox.

- Então, vai ter que esperar O Jorge.

Demola vai nos contando isso, e eu já tô achando que é sacanagem dele, mas o Ferreti me diz, aguenta Ambra, é sério.

Eu respondi que tava de saco cheio dessa história e ao mesmo tempo querendo saber o desfecho.

Gritei pro Demola, conta só o final;

Pô Ambra, calma !

O cara ficou assim que nem você tá, nervoso.

Ele deu uma espiada no relógio, viu que ainda faltava muito, resolveu ir almoçar.

Ele estava ali no centro e tem uns ótimos restaurantes, escolheu um bem legal, pelos menos ia beber uma cerevejinha dar uma relaxada, e reforçar o estômago.

Sentou-se próximo a janela, pegou o celular, ligou para espôsa, e pediu para ela orar, porque a coisa tava feia para resolver.

Ele pedia a espôsa assim:

- Amor pede ao Pastor da igreja, para orar, está dificil eu quitar minha dívida com o físco, esses R$ 2,75, já nem são R$ 2,75, segundo o funcionário, que esqueci o nome, disse que vai ter uns juros e correção porque do tempo que chegou até agora tem uma defasagem e precisa ser corrgido, porque é com essa quantia, que o Estado, faz obras, paga os funcionários públicos...

A Mulher disse:

- Amor...você esta surtando ?

- O que amor ? Não tô entendendo...tô te contando o que tá pegando...

Eu Olhei pro Demola...

Eu disse pra você me contar o final.

Pula tudo isso,

Por favor, seu merda !!

Ele tentava explicar para mulher tudo até então que lhe havia acontecido.

Mas a espôsa, não entendia nada.

Ele pediu ajuda ao Pastor e ela respondeu: o pastor, só no culto

hoje a noite.

- Não tô entendo, amor...é só para cultos ? Como assim querida ?

Tá chegando meu almôço, amor. Pedi uma rabada com agrião e uma cervejinha, pra relaxar...

- Mas como...você não tinha que estar na receita federal resolvendo seu problema e taí se deleitando...

Nosso amigo, desligou o celular, e com tanta raiva, não sabia se comia, chorava ou ligava pra espôsa e tentava explicar tudo de novo.

Olhei Pro Demola e pro Ferreti, vi que estavam de sacanagem comigo...

- Quer saber, desisto não quero que me conte mais nada....

- Pera Ambra !

- Vão fuder a paciência de outro.

Me afastei e vi que ao redor de Ferreti e Demola já havia um grupinho que estava ouvindo atentamente o causo...

Me virei e vi que o Demola continuava a narrativa do fraudulento contribuinte...

Dei uma risada...

Hoje liguei para ele e me assegurou.

Vai me passar o fim desse conto.

Ah...teve neguinho que estava na rodinha ouvindo que propôs pagar umas cervejas para ambos no bar, porque o causo era muito bom e ele não podia ficar de pé ali tanto tempo esperando o desfecho.

Houve também quem desse palpite: se aborrecer por causa de R$ 2,75

eu deixava de mão...

Eu já tava vendo que o demola tava me sacaneando de novo...

Desliguei o celular.

Se você tiver uma pequena dívida, nunca pense que é facil de resolver porque o montante é insignificante.

Ah...nunca queira que Demola ou Ferreti escrevam aqui

vai ser difícil esperar o fim.

Mateus Ambra
Enviado por Mateus Ambra em 04/09/2009
Reeditado em 29/08/2011
Código do texto: T1791396
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