APENAS LEMBRANÇAS

Na parede de tabuas lavadas
as latas de óleo serviam de floreiras
de onde pendiam cachos de gerânios coloridos
Damas da Noite, Onze Horas, Rabos de Gato e uma infinidade
de outras flores das quais eu nem sei o nome.

Pela janela aberta se podia ver o quarto de dormir
com sua mobília precária. Um baú de “madeira de lei”,
um pequeno guarda roupas, uma cama e uma mesinha de canto
coberta com uma toalha de renda branca, e que, amparava o Oratório
onde a vela sempre acesa “lumiava” os pés da Santa.

Quando se contornava a pequena casa de madeira
os olhos do visitante, se enchiam de ternura
ao deparar com o forno de barro [coberto de cinza branca], o poço
o pomar, a horta e o galinheiro e logo ao lado, o varal
com seus inesquecíveis lençóis de algodão sempre brancos.

Sobre os mourões da cerca as pombas do campo observavam
o vai e vem dos bois pelo pasto, sempre mastigando o capim verde
e espantando as codornas que por ali faziam seus ninhos.
No lombo dos bois, os Anus passeavam, baixando a cabeça quando o vento da tarde soprava trazendo cheio de pão de queijo assado.

O tempo caminhava na marcha dos bois, lentamente, quase dormindo
escorado nos barrancos de terra vermelha se perdendo nas montanhas das Gerais
Enquanto ela, sempre com seu paninho branco na cabeça,
Trazia “baciadas” de pão para assar. e caminhava “emborcadinha” cantando: “Mãezinha querida, eu quero te ver lá no céu”...


          ...para Dª Lô, que alegrava minhas férias me contando estórias e fazendo doces maravilhosos.



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Luciah Lopez
Enviado por Luciah Lopez em 24/09/2009
Reeditado em 27/02/2016
Código do texto: T1828925
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