Homem simples do sertão


Olhe seu menino
Eu vou lhe conta um causo
Eu fui uma criança
Sem muito arregalo.


Eu nasci de pé no chão
No bolso nem um tustão
Aqui no sertão
E com uma cuíca na mão
Mas com alegria no coração


E com o pé no chão
Continuo a andar
Por entre os roçados
E olhando para o lado
Não tenho com quem conversar


Acendo o fogão de lenha
E com a brasa que faz fumaça
Ponho-me a pensar
Ai meu Deus que coisa boa
A vida de quem vive a trabalhar
E muitos aqui queriam estar


Com o pé no chão
Às vezes tem até espinho para lhe encravar
O chapéu de palha na mão
Mas a vida não teria graça
Se vivesse em uma praça
Sem nada poder plantar


O homem simples do sertão
Olha para o céu e diz:
Obrigada meu Deus!
Pelo o Sol,que a me iluminar
E pela sombra que encontro
Quando chega o meio dia
Sem nada cobrar
Pela semente que eu planto
Pela chuva que me dá
Que logo vem germinar


Eu sou o homem simples do sertão
Que mesmo com o pé no chão
Tenho amor no coração
E nada para lamentar
E quando chega no final do dia
Só quero amar aquela menina
Que deixei em casa a me esperar.