PERGUNTA BESTA

Era um dia normal de aula e o professor dirigiu-se a sala com todo o seu material didático. Havia tempos do mestre na missão do magistério e havia tempos, também, que os alunos bons haviam entrado em “extinção”. Tempos que o professor não era bem indagado. Indagado, pelo mínimo que fosse com um – “Não entendi professor? Explique de novo!”. Eram tempos ruins, tempos de pouca Inteligência, mas a esperança ainda existia dentro do mestre, e àquele dia parecia ser especial. Logo na entrada, o professor viu um aluno com um livro aberto e parecia está atento a leitura: tudo animou o educador a ir para a sala de aula.

Na sala, o docente começou a explicar um assunto novo. Os alunos estavam atentos, um logo se levantou e pediu a atenção do Mestre. O professor sentiu que agora sim, sairiam indagações inéditas.

- Professor! Professor. O aluno chamou o professor desesperadamente.

- Posso ir ao banheiro.

O esmorecimento encheu o coração do Educador. Onde estaria àqueles bons meninos, que forçavam professores a se prepararem? Mal terminado de pensar, o professor foi interrompido por outro discente.

-Professor! Professor...

Agora sim o mestre teria que está preparado, pois há horas o aluno estava atento ao assunto.

-Professor! Posso ir beber água?

A esperança poderia morrer, pois era apunhalada sempre pelas decepções. Mas, o professor é um soldado, um saldado que vai a batalha não para destruir àqueles que o tem como inimigo na sala de aula, mas para educá-los.

O educador para de explicar o assunto, ciente de que todos haviam entendido tudo. Convoca os discentes para copiar um exercício. O exercício, única forma de tornar o conhecimento firme na cabeça de qualquer um, fora o exercício, qualquer outra prática é mentirosa, e aquele educador sabe disso.

-Professor! Professor...

Uma pergunta em pleno exercício, o aluno deve dizer que sabe desta questão e pode respondê-la agora.

-Professor! Professor. – Quantas linhas é pra saltar?

Esta o professor não responde. “Quantas linhas é pra saltar?”. A pior de todas as perguntas, pior gramaticalmente, pior na sequência das piores, A pior. O mestre não responde. Se fosse responder diria: “- Filho, se seus pais forem ricos, deixe uma folha inteira. Se forem pobres economize ao máximo”. Vendo que a resposta seria agressiva, podendo o educador pagar caro por ela, o professor então, resolveu ficar no silêncio e continuou escrevendo o exercício.

-Professor! Professor...

O professor quis não dá atenção, seria um sinal de morte da esperança. Depois de tantas perguntas bestas, o mestre achava que seria melhor não dá tanta atenção. Mas as insistências eram desesperadoras.

-Professor! Professor! Por favor!

O mestre olhou e pediu que o aluno falasse.

-Esse exercício que você está copiando: -É pra copiar?

Os tempos não são favoráveis ao mestre, o discente assumiu posição muito importante. Se o professor se estressasse, o pai ou qualquer responsável poderá vir a escola e até agredir o Educador. A diretora não gostaria da atitude do docente, A secretaria de Educação e a prefeitura o desaprovaria. Então, o melhor é o professor ascenar com a cabeça que sim: -É pra copiar. São todos patrões, e todos com muitos poderes – Alunos, pais, Diretor, Secretaria de Educação e prefeito – São todos patrões.

O sino toca, o docente termina mais um dia sofrido. Força tem de estudar, conhecimentos, também. Então, ele pensa: “Por que não sair, por que não escolher na vida um único patrão?”.

Por Isaac Sabino