O homem e o galo!

Era uma vez uma vila no meio do nada, cercada por montanhas, árvores e pássaros que cantavam todas as manhãs!

Em meio a isso tudo havia uma casa branca com um pequeno quintal, era uma casa igual a todas as outras daquele vilarejo.

Todos os dias quando o sol começava a raiar um pequeno galo seguia seu ritual, subia em uma cerca, estufava o peito e cantava. Após cantar o galo corria para porta da casa, onde esperava pacientemente por um rapaz. Às vezes, o rapaz demorava um pouco, mas sempre trazia um punhado de milho para o pequeno galo, que alegremente comia.

O galo nutria pelo rapaz um sentimento de gratidão e amor, achava-se especial, principalmente quando observava as outras aves, notava que todas tinham que procurar seu próprio alimento, menos ele.

Os dias rapidamente viravam noites, que se transformavam em outros dias, que viravam outras noites em um ciclo que parecia infinito, e o galo sentia-se cada vez mais abençoado, uma espécie de escolhido, achava que não tinha com que se preocupar, tinha tudo que precisava: Casa, comida e alguém que cuidava dele.

E os ciclos de dias e noites formaram um ano, o pequeno galo já não era mais pequeno, agora era grande e gordo, seu canto era alto, suas esporas afiadas, seu conformismo infinito.

O sol despontou, porém havia algo de especial naquela manhã, era véspera de Natal, o galo seguindo sua rotina subiu na cerca e cantou, depois, se encaminhou para a porta da frente e pacientemente esperou pelo rapaz. Só que dessa vez a demora era maior que o habitual, porém pacientemente o galo esperou, tinha se acostumado a sempre esperar, passaram uma, duas, três horas e o galo continuava parado, sua postura já não era a mesma, estava com fome, olhava para o chão já pensando em ciscar e procurar qualquer coisa que pudesse comer, lembrou-se que era véspera de Natal. O rapaz deve estar ocupado preparando algo especial para mim, pensou ele. Quatro horas se passaram desde os primeiros raios de sol, então um barulho de chave rodando, o galo conhecia bem aquele barulho, agitou-se, e postou-se de pé defronte à porta como sempre fazia, porém, notou algo diferente, não havia milho na mão do rapaz, havia um facão! O rapaz esticou o braço, pegou o galo, deve estar pesando uns cinco quilos, pensou, enquanto forçava o pescoço do galo para baixo. O galo gritava e pensava: “Mas ele me ama tanto, porque está fazendo isso? Sustenta-me, deu-me um teto, não consigo entender!” Enquanto isso o facão desceu cortando o vento e o pescoço do galo, e com um golpe firme o matou.

Anoiteceu no vilarejo, a pequena casa foi ficando cheia de convidados, a certa altura da noite, já perto da ceia, uma moça gorda comenta com o rapaz:

-Esse frango assado está com uma cara boa!

O rapaz respondeu:

-Esse era o franguinho que a senhora me deu ano passado, não reconhece?

Todos riem, o rapaz oferece o primeiro pedaço à moça gorda, e essa foi a última vez que alguém falou naquele pobre galo, todos comeram e beberam, e celebraram mais um natal que havia chegado.

Moral da história: Desconfie de toda generosidade.

Washington
Enviado por Washington em 12/07/2006
Código do texto: T192818