Paty dormia como uma pedra, afinal foi dormir já altas horas e estava muito cansada do dia agitado que tivera. Havia brincado de tudo que é arte e se machucara ao tentar escalar o muro alto da vizinha rabugenta. No entanto, acordou assustada de seu sono por causa de um pesadelo.
          No sonho, via um monstro de sete cabeças vindo ao seu encontro. E quando tentava gritar sua voz não saía e ao correr tropeçava. Ele vinha com suas mãos enormes e segurava na perna da pobre menina, que se arrastava no chão tentando se soltar, mas não conseguia. E em determinado momento se viu sem saída, o olho esbugalhou, agora não tinha mais jeito, ele veio por cima, enfim acordou. Com seu coraçãozinho disparado (emoção demais para uma menina de cinco anos), desceu correndo as escadas procurando seus pais para tentar acalmá-la. Enquanto descia pensava passar a noite acordada para não mais sonhar. Melhor o cansaço do dia do que pesadelo tirando-lhe a paz.
          Chegou na sala, procurou, procurou e nada. A TV estava ligada num volume bem alto, mas pro seu azar, nada. Subiu novamente as escadas procurou lá nos quartos, nos banheiros e nada. Desceu para o escritório viu a luz acesa e pensou ter encontrado. Abriu com cuidado a porta, mas mais uma vez deu com os burros na água. Foi então que ouviu um barulho, vinha da cozinha e correu para lá. Mas ficou parada na porta, devido a cena que encontrou por lá.
          Seu pai e sua mãe discutiam, sua mãe em lágrimas e o pai em iras. Sua mãe deu-lhe um tapa chorando e ele devolveu empurrando-a no chão. 
          Paty subiu as escadas, deitou em sua cama e torceu para o sono pegar-lhe depressa. Mesmo se for pesadelo, que venha o sono e lhe refrigere.