Quem espera sempre alcança - Capítulo V

Papai mandou-me para uma fazenda dele, a mais distante de Santo Ângelo. Mamãe e Laura foram comigo. Passei minha gravidez toda naquela fazenda longe de tudo e de todos. Nem rádio papai deixava mamãe levar.

Quando mamãe saía para fazer compras do enxoval do bebê, Laura ficava junto a mim como um guarda.

Um dia Laura sem querer me disse que papai havia mandado prender Rogério.

Quando mamãe chegou da cidade, tive uma conversa bem séria e franca com ela:

- Mamãe, eu não acredito que papai teve a baixaria de mandar prender Rogério. - falei gritando e chorando.

- Calma, Cidinha, você não pode se exaltar, calma... - virou-se para Laura:

- Sua "língua-de-trapo". Quem mandou você abrir a boca?

- Minha filha! Seu pai achou que seria melhor assim, é o melhor para você. - falou mamãe tentando me acalmar.

- Não, mamãe! Eu aqui neste "oco de mundo", ele nunca iria me encontrar. Não existe castigo maior do que ter me separado dele, tanto para ele, quanto para mim. Foi o de pior que o dinheiro do meu pai comprou. Uma cambada de "cachorros sem vergonha", que fazem tudo que papai quer. Eu odeio tudo isso! - falei quase desmaiando de raiva e pena de Rogério.

- Calma! Filha, eu vou pedir ao seu pai que solte ele. - falou mamãe apavorada.

* * *

Os dias naquela fazenda pareciam a eternidade, tudo era tão triste! Os pássaros cantavam uma canção que ao meu ouvir parecia que eles pediam a morte. O que me dava força era o meu filho que a cada dia crescia mais, mexia em meu ventre como se estivesse correndo nas verdes campinas que às vezes eu ficava olhando por horas e horas, mergulhada nos pensamentos, nas recordações...

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 24/07/2006
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