MARCADA - Capítulo IV
Há três anos morávamos em Goiânia. O dinheiro que mamãe ganhava não dava para sustentar a casa. Eu arrumei um emprego em uma lanchonete. Tinha aprendido fazer tudo quanto é salgado e doces que mamãe sabia. Tive de parar de estudar...
No começo achei esquisito, pois trabalhava mais era à noite, eu com dezesseis anos ia para casa sozinha quase amanhecendo o dia, os homens jogavam piadinhas, pensando que era uma à toa.
Ia tudo bem. Meu patrão, "seu" Ariovaldo, era muito bom para mim e minha família.
À minha responsabilidade com meus irmãos eu nunca fugi. Parei de estudar e fui trabalhar para dar-lhes melhores dias.
Cláudio dava tanto trabalho! Saía de manhã, chegava à noite, ninguém sabia por onde andava. Sempre que procurava saber ele me dizia:
- Olha aqui, Cristina, meu pai que podia me dizer estas coisas, já morreu! Faça-me o favor de não me encher a paciência.
Era isso toda vez que eu procurava saber.
Tentei várias vezes fazê-lo entender que não poderia ser assim, mas ele não entendia mesmo. Foi ficando cada vez pior.