MARCADA - Capítulo IV

Há três anos morávamos em Goiânia. O dinheiro que mamãe ganhava não dava para sustentar a casa. Eu arrumei um emprego em uma lanchonete. Tinha aprendido fazer tudo quanto é salgado e doces que mamãe sabia. Tive de parar de estudar...

No começo achei esquisito, pois trabalhava mais era à noite, eu com dezesseis anos ia para casa sozinha quase amanhecendo o dia, os homens jogavam piadinhas, pensando que era uma à toa.

Ia tudo bem. Meu patrão, "seu" Ariovaldo, era muito bom para mim e minha família.

À minha responsabilidade com meus irmãos eu nunca fugi. Parei de estudar e fui trabalhar para dar-lhes melhores dias.

Cláudio dava tanto trabalho! Saía de manhã, chegava à noite, ninguém sabia por onde andava. Sempre que procurava saber ele me dizia:

- Olha aqui, Cristina, meu pai que podia me dizer estas coisas, já morreu! Faça-me o favor de não me encher a paciência.

Era isso toda vez que eu procurava saber.

Tentei várias vezes fazê-lo entender que não poderia ser assim, mas ele não entendia mesmo. Foi ficando cada vez pior.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 31/07/2006
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