Sao dois finais de ano, esperando voltar a viver

No ano de 2009 tudo parecia perfeito, Roberta e Joao estavam em sua casinha recem construida, ja pintada para o fim de ano ser mais alegre, com a chegada de nossa primeira filha. Ana Julia viria para completar a felicidade do lar, Roberta sempre sonhou com este dia, planejaram tanto, esperaram tanto, a um ano iniciaram inseminacao e tratamento para engravidar, e o ano de 2009 veio a ser o mais completo, casa pronta a gravidez a efetivacao de Joao na prefeitura.

Tudo muito bem, feliz em em paz, eles se entedem muito bem, mesmo com diferencas de idade ele tem 37 e ela somente 22, eles criaram um vinculo familiar muito forte a espera de sua filha.

Mas quando o pintor seu Argemiro veio e disse que nao dava para fazer a calcada que o solo estava muito umido em consequencia das chuvas intensas, Roberta ficou um pouco triste, mas nao imaginava o que estaria por vir, seguiram-se os dias, mudaram-se para a casinha, maravilhosa, feita num aterramento, num terreno pago em 72 vezes, pelo consorcio. Os dias se passaram e com eles muita chuva, estava quase cehgando o dia de Ana Julia vir ao mundo, la no dia 6 de dezembro, e eles estavam muito felizes, Roberta de atestado arrumava o quartinho, rosa bebe, e as roupinhas que variavam entre branco, rosa, amarelo e creme, e Joao ainda trabalhando partilhava da felicidade da esposa, e ali no quarto de Ana Julia os dois acabavam dormindo na espera do anjinho que vem para alegrar ainda mais as suas vidas. Era 20 de novemvro faltando somente 16 dias para o nascimento de Ana Julia, eles nao se continham na felicidade, mas o momento pedia atencao, o terreno estava encharcado, os carros patinavam para sair do terreno, e Joao nem mais pode ir trabalhar a rua estava interditada, Roberta ficava cada dia mais angustiada, o nascimento de sua filha estava proximo e a chuva nao cessava.

Noite do dia 22 de novembro de 2009, a noite que ficou marcada na memoria deles, como a pior de todas, inesplicavel, era quase meia noite comecaram a ouvir estrondos de arvores, que cediam e desciam os morros rolando, rachavam-se casas como se fosse papel, Joao angustiado, saiu de casa correndo com Roberta com o medo de algo terrivel, e quando se afastavam andando em baixo de chuva, pes lameados, viram as casas cederem, e virem abaixo, o morro todo, desmorronou, familias inteiras morreram, enquanto eles estavam chocados com o que viam, tentavam salvar vidas de pessoas que se afogavam em lama, e agradeciam por estarem vivos, e a salvo.

A noite parecia nao acabar mais, tristezas, mortes destruicao, todos os sobreviventes se abracavam, choravam e se uniam na dor, foram levados a um colegio proximo, para tentar descansar.

Mas tudo o que viram voltava a suas mentes, eles nao conseguiam dormir, naquele colegio, longe de seu la, Roberta e Joao choram a perda de seus sonhos, sua casa, que ainda pagam prestacoes, aquele terreno tao planejado, seu lar, suas vidas tomavam outro rumo.

No dia 22 de novembro as coisas estavam muito agitadas, muitas pessoas ainda nao conseguiam se conter, e muito menos entender, o colegio virou um abrigo, local para desabrigados, familias inteiras, familias incompletas pelas mortes daquela noite, muita tristeza.

Mas os dias foram se passando Joao voltou a trabalhar receberam doecoes de roupas, para a Ana Julia, e o abrigo estava se tornando o unico lugar para unirem forcas, terem esperanca, e ali iria nascer sua primeira filha, que agora seria chamada de Eperanca.

No dia 3 de dezembro Roberta acordou e sentiu contracoes, foi levada por colegas do abrigo ao hospital proximo, e antes das 10 horas da manha nascia a Esperanca, um linda menina de 3,200 Kg, bela, com um semblante de anjo, para trazer alegria aquela familia, sem lar, mas com muito amor, Joao chegou ao hospital sua filha ja havia nascido, e ficou deslumbrado, com suas feicoes de anjo, divino abencoado, e naquele momento os dois depois de tantas tristezas choraram de felicidade, Joao disse seja bem vinda ao mundo Esperanca, papai e mamae te amam muito.

Passaram o primeiro natal juntos, felizes, mas incompletos, no abrigo do colegio municipal, recebendo comidas, roupas, atencao, para tentar suprir as perdas de suas vidas, mas eles nao conseguem se conter da felicidade de ter em seus bracos a menina mais pura e bela que ja viram sua filha, e os dias passam mais rapidos e floridos com este anjo ao seu lado, nem as discussoes criadas no abrigo, nem a falta do seu lar deixa-os abalar.

Passou-se dois meses e mudaram os numerosos desabrigados para galpoes pre planejados, aonde irao receber comida duas vezes ao dia, e ali ficarao ate receberem seu lares, os dias se passam, e com ele Eperanca completa um ano, um ano de abrigo, um ano sem seu lar, mas de muita alegria, nada desanima que tem muita fe.

Veio mais um natal, mais um carnaval, e ainda as milhares de familias continuam em abrigos, mas veem que eles ainda sao sortudos, pois estao vivos enquanto milhares Haitianos morreram, eles ainda tem Esperanca...

desculpa gente sem acentos e cedilhas,,,, mas tenhamos esperanca, sei de muitas criancas que nasceram nos abrigos, e que ainda irao nascer, mas nunca percamos a esperanca, pois ainda estamos vivos...

TAÍS AMORIM
Enviado por TAÍS AMORIM em 15/02/2010
Código do texto: T2088049
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