Feia mulher

Nada será, quando assim pensar que for. Foi deste pensamento que acreditou, mesmo sem perceber estar ainda viva, ser um ser pensante qualquer. Porque a qualquer modo, não saberia tocar-se mais certamente, não conseguiria nunca sentir o que era mais verdade em si mesma. Por isso, havia essa necessidade de ir sempre mais a fundo na própria realidade utópica em que vivia. E essas sensações, volta e meia marcavam algum tempo incerto. Já não contava nem dias, nem horas, nem os segundos que fossem. Vivia e o sol era a escolha linda e a certeza de que, apesar de tudo, conseguiria amar. E se algum Deus, dissesse que poderia ali mesmo morrer, não acreditaria. Não acreditava na própria sensação de vida, como acreditar então que poderia existir a morte? Ou será que era a morte em vida. Era a embriaguez de quem se debruçava por vezes perante o mar, sem escolhas, apenas para respirar. Algo como certo e certo, algo como errado e errado, algo como quando se é e não se é. Mergulhava fundo na própria imagem, e era uma coisa feia que via. Uma mulher sem sonhos, sem vida, sem amor. Uma mulher que de tanto acreditar que não podia acabou mesmo sem poder. Sem comando para algo que chamavam de vida. Se era triste? Talvez, quem saberia. Apenas apática, parada, sem reações de sensação alguma.

Quando tentava saltar algum suspiro, não poderia esperar um segundo, que este ia embora, sem nem mesmo lhe mostrar o prazer de se libertar. Volta e meia era essa a sensação que possuía, quando parava de relance em frente ao espelho.

Lady Sophia
Enviado por Lady Sophia em 09/08/2006
Reeditado em 13/09/2006
Código do texto: T212847