Juquinha, 12 anos era o  filho mais velho  de uma família onde pai e mãe nada faziam.
O pai,vivia de biscates... Seus  quatro irmãos ainda eram pequenos.

Pela manhã , com muito sacrifício, estudava em uma escola e  lá cursava ainda a 3ª série.

Era desnutrido, estava sempre com muitas gripes e tosses, respirando os ares da cidade de Porto Alegre.

Após as aulas, passava na casa da D. Judite, sua professora, uma alma boa que surgiu em sua vida, e lá tinha um almoço garantido, sua única refeição forte do dia.

Apenas almoçava, ia buscar seu carrinho e começavam os trabalhos.

Passava em meio às carroças de papeleiros que,  sendo mais velozes do que ele, chegavam antes nas ruas e recolhiam os papéis, lixos secos e sobras.

Para ele,que puxava com suas próprias perninhas, tudo era mais lento. Tinha que andar muito...

Por vezes, parava, perto de uma praça e lá observava os meninos de sua idade em suas bicicletas ou jogando futebol. Aquilo lhe fazia bem...Chegava a rir sozinho vendo a alegria deles...

Um dia, na sua escola, teve, como os demais, que fazer um trabalhinho: um desenho e nele escrever o que deixava sua vida feliz...

Os colegas escreveram tantas coisas, como jogar no computador, andar de skate,ir ao shoping  e lá brincar na sala de jogos eletrônicos....

Ao  entregar o trabalho à professora, esta teve que segurar as lágrimas.

Ele havia  se desenhado  entregando um prato vazio para uma mulher e bem abaixo, um saquinho cheio de moedinhas que ele entregava à um homem... Em outro canto, um cinto bem largo.

A professora olhou bem pra tudo e disse:

- Esqueceste de colocar tua frase, Juquinha!

-Não "cabia" no papel , profi...

-Mas poderias ter escrito no lado de trás da folha.

Mas, tudo bem...Podes apenas explicar o que isso significa e o que quisestes dizer...

- Ora, está aí, profi...

 A coisa que me deixa mais feliz é poder devolver o prato de comida vazio, após ter "cumido tudinho" e arrumado assim o meu estômago...

Assim, tenho forças de andar bastante, catar muito papel e entregar o saco da  moedas que ganhei , à noite pro meu pai. Assim, ele   não me bate com a cinta.
Como é bom viver!
Por isso sou feliz!

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Rejane Chica
Enviado por Rejane Chica em 24/03/2010
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