A PESCARIA

Todos os sábados eu, meu pai, um tio, um primo, um sitiante, o gerente do banco local e o médico da cidade, íamos pescar.

Todos muito amigos, às vezes acompanhava meu cunhado, o dentista da escola.

Saíamos, eu e o primo, logo de manhã, pois, deveríamos preparar o local, arrumar a "traia", limpar o poço ( meu pai, meio estabanado, era especialista em enroscar o anzol - no arremesso ou na fisgada, sempre dava trabalho pra gente ( era campeão em peixe-galho, peixe-folha e peixe-pau ), arrumar lenha e fazer o almoço para o pessoal que chegaria com baita fome.

Uma vez procuramos um local mais afastado da estrada e com ampla área arborizada, com um poço na curva do rio, que nos pareceu piscoso. Jogamos um pouco de farelo e deixamos descer... logo lambaris passaram a pular... bem o local era promissor.

Desbastamos alguns galhos que pendiam sobre o poço, limpamos o local para fazer o "rancho", como era de lei, colocamos duas garrafas de cachaça dentro d'água ( pra ficar frequinha), tomamos um gole e lembramos de que poderia haver enrosco dentro do poço.

Mais uma talagada da "mardita", entramos n'água e passamos a fazer uma varredura de galhos e troncos submersos, tudo para facilitar a vida dos experts na difícil e dolorosa missão de fisgar uns coitadinhos mas velozes lambaris.

Antes que o pessoal chegasse, lembramos que para se dirigir ao local, havíamos saltado uma vazante de mais ou menos dois metros de largura e imaginamos que os senhores, nossos amigos, poderiam não conseguir pular o sulco. Para facilitar a vida deles, decidimos fazer uma pinguela.

Procuramos e depois de um certo tempo encontramos um tronco ( não queríamos cortar uma ávore pra isso- além de não termos ferramenta adequada, seria um desperdício) que serviria para a travessia.

Lá pelas onze horas, ouvimos o barulho dos carros e a batida das portas. Chegaram.

Após uns minutos , gritamos para orientá-los em que direção deveriam seguir.

Passados uns cinco minutos os ouvimos próximos e logo umas gargalhadas....

Agurdamos chegarem...

Estavam alegres, mas o médico estava com a antiga calça branca toda amarronzada, suja e molhada.

Ao perguntar o que havia acontecido ele respondeu:

- Voces fizeram uma maldita pinguela estreita e ecorregadia a qual me fez cair na vala, mas podem ter certeza, me molhei todo, mas o litro de pinga saiu ileso!

Foi um riso só...