O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo X

Os dias se passaram na mesma rotina, até que chegou o dia que o capitão pôde ir à fazenda.

Levantamos mais cedo do que o costume. Arrumei minhas coisas: uma roupa para trocar e muitos brinquedos velhos que os meninos me deram para levar para meus irmãos.

Ao sair eu pensava que ia até desmaiar, e sentia uma alegria imensa, meu coração acelerou que parecia querer pular do meu peito.

A viagem pareceu-me mais longa do que o normal, nunca mais chegava à fazenda.

Neste dia fora toda a família do capitão. Os meninos faziam aquela farra no carro, eu ia bem quieto pensando em contar para todos os dias passados na capital.

Ao avistarem o carro chegando, sairam todos correndo ao meu encontro, meus irmãos, pai, mãe e até vô.

Desci do carro e não continve minha emoção. Chorei junto com mãe e alguns irmãos.

O tempo foi pouco para contar tudo, mas nem brinquei, só conversei, naquele dia eu fui o centro, todos se sentavam ao meu redor e ouviam-me como se fosse o senhor absoluto.

Nem vi o tempo passar, quando o capitão chegou à porta de nossa casa:

- Está na hora, menino Francisco, vamos?

Ouvi aquela frase como uma lança no meu coração, iria novamente me separar de todos, mas era para o meu bem.

Voltamos. Eu me enfurnei na minha tristeza novamente.

* * *

O tempo foi passando, e a cada dia que eu voltava à fazenda sentia-me meio difente de meus irmãos, na maneira de falar, de vestir, de calçar, enfim em todos os detalhes se notava a diferença.

Em tudo eu era o primeiro, nas matérias, nas brincadeiras, sempre fui representante de turma, modéstia à parte, sempre fui muito extrovertido e inteligente.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 23/08/2006
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