O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XI

Em 1973, já estava com dezoito anos e terminando o terceiro ano científico.

Apaixonei por Kátia, minha colega de classe. Começamos a namorar firme.

Kátia era filha de um grande industrial de Belo Horizonte, seu pai, Dr. Emílio, tinha uma fábrica de móveis, uma das, se não fosse a maior de Minas Gerais.

Recebi proposta de seu pai para trabalhar na fábrica. Aceitei sem pensar pois eu já estava com dezoito anos e ainda não havia trabalhado, até então dependia financeiramente do capitão, pois à essa altura tratava-me como filho.

Meus irmãos também já tinham estudado um pouco, Pedro já havia casado com a filha do fazendeiro vizinho e administrava a fazenda para o sogro.

Vô havia montado um cavalo, levou uma queda e não levantou mais. Em conseqüência da queda falecera em 1972.

Dr. Emílio me chamou em particular:

- Eu quero saber quais são as suas intenções com minha filha Kátia.

- O senhor já deve saber a resposta: São as melhores possíveis.

- Então eu quero este casamento logo!

- Logo? O senhor diz logo? O senhor sabe que eu não tenho nem um couro pra morrer em cima. Na verdade eu amo demais sua filha, gostaria muito de me casar com ela, mas porque eu amo, eu quero dar-lhe uma vida como ela merece. Eu não vou tirá-la de sua casa para uma vida pior. Eu sou realista, Dr. Emílio, a vida não é só de amor, tem que haver os acessórios para uma vida dígna de duas pessoas civilizadas. - falei firme.

- É... meu rapaz, você é realmente o que eu imaginava, você não é fingido como a maioria que se aproxima de Kátia por causa do dinheiro que consegui acumular. - Dr. Emílio me falou batendo em meu ombro e saiu.

Eu fiquei meio descontrolado, não fazia muito tempo assim que namorávamos e o pai da moça já me falava em casamento. A verdade era que eu estava loucamente apaixonado por Kátia, mas eu era muito novo para me casar, meus planos eram estudar e prosperar e depois constituir família em cima de uma base bem sólida, firme e segura.

Os dias feriados e fins de semana que não tínhamos aula e nem trabalho fazíamos passeios fabulosos. Nunca me passara pela cabeça que Kátia faria o que fez comigo. Como eu lhe jurava amor, ela também fazia-me juras que jamais duvidaria.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 23/08/2006
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