LER é fazer amor

Folheando a minha vida e confabulando com a sua. Fomos de desejos em desejos de metáforas em metáforas criando nossos próprios novelos de uma bela novela entendendo os desentendimentos, as verdades e trilhas sem saídas no labirinto dos medos das alturas mais escuras, que os contos contados pela minha avó. Foi ai então que pensei as minhas concepções do livro, e percebi que não é diferente das que tenho do amor. Foi muito do ler que montei e desenhei as histórias, segredos, mistérios, encantamento, discernimento que fui me entendendo nos espelhos quebrados dês-enfocados onde fui redesenhando-me, em cada abrir e fechar da página lida, relida, marcada, rabiscada, grifada. Esta cara não é minha, não dá para adaptar nos quintos dos infernos capitalista. Narciso nunca passou pelos meus espelhos! O meu cabelo e barba que contestava pelo tamanho, e se arrogava a ser contra o estabelecido nas torturas da ditadura, agora já não caibo nas roupas que eu cabia. A esperança na reforma agrária já não enche a casa de alegria. Quando todos me achavam estranho, eu mudei já não estranham, mas agora eu não sei mais o meu caminho. Os anos se passaram quando me deparei com o espelho, mas olhando pela janela nada mudou. Retrocedeu? O que foi que morreu? foram os meus sonhos ou foi eu.