O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XII

Certa tarde cheguei para trabalhar e o prédio estava cercado pela polícia.

Logo que entrei, fui supreendido por dois policiais que deram-me voz de prisão.

- Que foi que eu fiz? O que é isto? - falei aos gritos de desespero sem saber o que estava acontecendo.

Levaram-me para a prisão sem dó e sem que pudesse me defender.

Depois de algum tempo, chegou Dr. Emílio. Olhando para mim disse-me:

- Muito bem, mocinho, seu plano não deu certo até certo ponto, mas agora eu quero saber onde está meu dinheiro. Vamos, diga! Onde está o dinheiro do desfalque?

Que desfalque? Eu não sabia de desfalque nenhum. Eu não sabia do que Dr. Emílio estava falando.

* * *

Depois de três meses de sofrimento, o capitão conseguiu, através de um advogado, provar a minha inocência, pois nunca duvidara de mim.

Na prisão passei por momentos de tortura, os policiais colocavam-me fios ligados à tomada, dando-me choques horríveis para que confessasse. Torturas que não posso revelar porque fere a minha masculinidade.

A minha inocência foi provada com a descoberta de toda a trama feita por Kátia e Ernesto, o gerente-geral da fábrica.

Kátia e Ernesto mantinham um caso amoroso mais íntimo. Haviam planejado uma viagem fantástica, um cruzeiro marítimo e não tinham dinheiro suficiente, então bolaram o plano e o centro de tudo era o besta da roça, que não fazia mal juízo da amada.

Lembro-me que um dia Kátia elogiava minha letra, minha assinatura e pedira para que a fizesse em um papel para que guardasse como amoleto.

Santa ingenuidade! Assinei com toda emoção em uma folha de papel em branco.

Nesta folha ela escreveu um bilhete que me incriminava e me deixava sem nenhuma defesa.

Eu fui traído covarde e duplamente por Kátia.

Perdi o ano escolar e quase não me reanimava, tudo para mim era sem valor.

Fui estar com minha família, mas não encontrei apoio, talvez pela distância que a separação nos causou.

Se eu não tivesse tanta fé em Deus não havia conseguido passar por cima de tudo...

Fiquei na fazenda até o final daquele ano, que para mim, só trouxe desespero.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 24/08/2006
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