O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XIV

O amor que sentia por Augusta, era uma coisa diferente. Dentro de mim nascia uma esperança. Eu queria muito me casar, constituir família, ser muito feliz com ela.

Abriram inscrições para um concurso em um banco. Fiz minha inscrição no intuito de passar e começar minha vida novamente.

Estudava dia e noite. Não tinha tempo nem mesmo de pensar em meu problema com Augusta.

A cada dia eu ia me envolvendo mais com ela num amor que parecia ser uma alucinação... uma loucura...

* * *

Chegou enfim o dia da prova. Augusta me levou até o local e ficou me esperando do lado de fora.

- Você vai passar, meu amor, eu tenho certeza!

Naquele tempo, trabalhar em um banco, era um grande negócio.

Em casa, o capitão, dona Carolina, Eduardo e Jorge, davam-me grande apoio também. Graças a Deus eu era muitíssimo querido por todos.

Fiz a prova. Ao sair Augusta ainda me esperava.

- Como foi, amor?

- Estou muito otimista, creio passar.

- Que bom, amor! Graças a Deus. Você vai ver, vai superar tudo de ruim que aconteceu com você.

Voltei a estudar, tentava levar uma vida normal como se nada tivesse acontecido.

Nunca deixei de ajudar dona Carolina na cozinha, como fazia nos tempos de criança. Ajudava-a mais do que Augusta que não era muito chegada a este serviço.

Resolvemos falar com o pai dela sobre nossa situação.

Logo depois do jantar, o capitão foi assistir televisão.

- Capitão, nós queremos falar com o senhor!

- Nós? Nós quem?

- Eu e Augusta.

- Você e Augusta? Tudo bem, pode falar!

- Sabe, capitão, o amor é surdo, cego e outras coisas mais. Eu e Augusta fomos criados quase como irmãos, mas isso não impediu que nos apaixonássemos um pelo outro. Queremos que o senhor entenda e nos abençoe.

- É, papai, nós estamos loucamente apaixonados e não temos mais saída.

- Isto me agrada muito, Francisco, você é um rapaz muito bom. Eu tenho certeza que minha filha vai ser muito feliz ao seu lado. Se é assim, se vocês realmente se gostam, eu dou todo o apoio que vocês precisarem e os abençôo para que sejam felizes. De todo o meu coração!

Aquelas palavras do capitão deram ainda mais força ao nosso amor e naquele instante sentimos que se nos separássemos nós não resistiríamos.

O capitão me abraçou:

- Eu tenho uma grande honra de tê-lo como genro, Francisco!

- Não sei nem que palavras usar, capitão, eu estou muito emocionado e vou fazer tudo para tornar sua filha muito feliz ao meu lado.

Dona Carolina ficou muito alegre e já começou conversar com Augusta a respeito do enxoval.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 25/08/2006
Reeditado em 30/08/2006
Código do texto: T225099