O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XVI

Os dias que antecederam minha partida foram só de passeios. Passeis inesquecíveis...

Chegou afinal o dia. Partiria no vôo das quatorze horas.

Amanheceu o dia. À noite eu não tinha conseguido pregar o olho. Augusta também não. Levantamos bem cedinho. Ficamos nos adorando os últimos momentos que ficaríamos juntos, antes da minha partida.

Há dias tínhamos ido à fazenda para avisar meus pais e eles vieram para se despedirem de mim.

Chegou a espinhosa hora de ir para o aeroporto, meu coração parecia que ia sair pela boca. Eu tremia como uma vara verde.

Na hora de me separar de todos pensava que não iria resistir, mas Deu deu-me forças. Todos choravam, até os homens, parecia que eu iria para a guerra. Augusta, coitadinha, estava pálida e seus olhos fundos me fitavam, de seus lábios perfeitos e cor-de-rosa saiam estas palavras:

- Vá, meu amor, vá em paz, lembre-se de mim sorrindo e não chorando, eu sei que todo este nosso sacrifício será para o nosso bem. A andorinha voa, os répteis se arrastam, eu choro por você e em seu peito uma chama te ilumina. Solte-se como a andorinha, nunca, mas nunca mesmo se arraste como um réptil. Seja forte, sublime, eu te espero e seremos um dia o casal mais feliz da face da Terra...

Não consegui responder-lhe nada. Apertei-a em meu peito, beijei-a e sai sem olhar para trás. Como há anos.

* * *

A longa viagem me cansou muito. Por toda a viagem Frederico tentava me distrair, assistira toda a cena da despedida.

Nada me tirava do pensamento minha doce Augusta.

Chegamos a Santarém e fomos direto para o hotel.Mergulhei-me na cama e tentei dormir para não me lembrar de nada.

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 30/08/2006
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