O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XVII
No outro dia fomos à agência do banco e acertamos tudo, começaríamos no outro dia.
Depois de muita insistência de Frederico, fomos conhecer a cidade.
Na verdade eu não vi nada, meu corpo andava pelas ruas, mas eu estava muito longe, meu pensamento estava em Belo Horizonte.
- Entra em órbita, Francisco, você está tão longe!
- É, Frederico, como você quer que eu esteja bem, se deixei um pedaço de mim em Belo Horizonte?
- Que é isto, rapaz, mulher é igual biscoito, uma está longe, mas perto estão oito.
- Não fale assim de Augusta! Augusta é a coisa mais preciosa que Deus me concedeu, ela não é como uma mulher qualquer, para ela não existe substituta!
- É você é mesmo apaixonado...
* * *
Aqueles primeiros dias para mim foram sufocantes. A cada dia que passava eu ia ficando mais preso aos pensamentos e à tristeza que me acompanhava a cada instante.
Eu me arrastava como réptil, mas ainda conseguia me sobressair no trabalho.
A cada carta que chegava de Augusta, aumentava mais o meu tédio, apesar do seu otimismo.
Frederico foi um grande amigo, dando-me o maior apoio.
Tudo que ganhava, economizava para dar à Augusta uma vida se não igual a que ela tinha, mas confortável.
Almoçava todos os dias, mas não jantava, para economizar mais ainda.