O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XVIII

Ao fim o terceiro mês não agüentei, pedi uma licença no banco e fui ver minha doce Augusta.

Não avisei. Cheguei à noitinha, ali pelas seis e meia. Estavam todos à mesa. A porta estava entreaberta. Entrei e sem querer ouvi a conversa da família.

- Augusta, minha filha, sem comer deste jeito você vai adoecer. Calma! Eu vou dar um jeito de você ir até Santarém para ver o Francisco, porque assim eu sei que vamos te perder. Há quanto tempo você não come direito? Já emagreceu tanto, que quando o Francisco te ver, nem vai lhe reconhecer. - falava o capitão.

- Ele também deve estar com o mesmo problema, pois sei o quanto Francisco te ama! - completava dona Carolina.

- Olha aí, papai e mamãe, como sempre Augusta está chorando. - observou Eduardo.

- Calma, minha filha, nada melhor do que o tempo para curar qualquer ferida. - acrescentava o capitão.

Entrei sem que não me vissem e falei:

- Concordo plenamente com o senhor, capitão!

Todos a uma só voz:

- Francisco!!!

Augusta correu para os meus braços. Para mim aquele era o momento de mais emoção que sentira.

- Que alegria, Francisco! Que bom que você veio! - falou minha doce Augusta limpando as lágriamas do rosto.

Contei-lhes como havia conseguido a licença e tudo que tinha me acontecido ao longo daqueles três meses.

- Eu não acredito, que estou com você, meu amor! Você parece-me tão maltratado, está magro e pálido. - dizia Augusta.

- Você também, Augusta. Será que é o amor que está fazendo isto com a gente?

Minha licença foi de apenas cinco dias e não deu para matar a saudade. Mas eu tinha de voltar ao trabalho.

Voltei...

Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles
Enviado por Maria Lúcia Flores do Espírito Santo Meireles em 30/08/2006
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