O MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR - Capítulo XXIV (Último)
No dia que completaram cinco anos da morte de Augusta, aconteceu-me um caso muito triste.
Saí do banco já pelas oito horas da noite. Peguei meu carro que estava no estacionamento e fui para casa. Num sinal luminoso, parei, pois o sinal fechou. Dois sujeitos aproximaram-se colocaram o revólver em minha cabeça e fizeram-me tocar para um lugar bem longe e fizeram as piores maldades que dois covardes homens com armas em punho, podem fazer. Quebraram quatro dedos da minha mão direita e meu braço esquerdo. Deixaram-me sinais de tortura por todo o corpo, que já eram muitas lembranças de prisão e coisas horríveis...
Naquele momento eu lhes dizia:
- Por favor, matem-me, eu preciso morrer, se vocês me matarem vão me fazer um grande favor, eu preciso morrer!
Lembro-me que um deles dando-me coronhadas, dizia-me:
- Ah! Gracinha, quer morrer? Você não vai morrer, mas vai implorar quando as dores aumentarem e vão aumentar até você desmaiar.
Ainda vi muita coisa. Depois só vi quando já estava num hospital todo engessado e arrasado...
Tudo isso me aconteceu, mas nada doeu mais do que a falta da minha doce Augusta... A dor da perda de Augusta, era na alma...
* * *
Neste momento, quando já estamos no ano de 1986, terminando de contar a minha vida, eu só penso em criar minha Patrícia e educá-la amando e respeitando as pessoas porque nesta vida a gente não é nada sem o apoio do próximo.
Ainda penso em arrumar uma companheira para dividir com ela a minha dor. Só que esta pessoa ainda não encontrei. Talvez possa encontrar, mas será difícil encontrar uma companheira para entender este MENINO QUE QUERIA SER DOUTOR.